segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Senciente (14 agosto 2008)

Olhando a história da minha vida, posso dizer que ela foi, quase sempre, um trabalho persistente de compreensão da irracionalidade humana; tornar consciente essa irracionalidade, observada nos comportamentos pessoais e nas guerras coletivas. Agora, aos 59 anos, posso afirmar que minha vida esteve dedicada a esse esforço de compreensão, o que me permite sobreviver aos absurdos desumanos. Desde muito jovem, do que consigo lembrar, dos 3 ou 4 anos de idade, a contínua surpresa, o espanto, diante da bestialidade e crueldade, diante dos abusos e da indignidade; um olhar contemplativo me acompanha. Olhos de um outro de mim, meu refúgio e proteção, pelos quais atravessei as situações de conflito. A força auto-regenerativa das salamandras.
Meus sentimentos, naquele espaço que é meu... meu guia, orientação. Fonte de inspiração e intuição. Não deixo que as loucuras mentais determinem minhas escolhas. Minha criatividade está a serviço de uma estética-ética. Por isto é que a espiritualidade é um ponto de chegada. Sempre renovada, reestruturada. Uma percepção generosa, capaz de abraçar o mundo: minha vida é dedicada aos seres sencientes. Alegria.
Joyce Pires.

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