sábado, 15 de novembro de 2008

O Câmbio Justo /02 novembro 2008

A manipulação da taxa de câmbio, que regula as trocas entre a moeda nacional e as estrangeiras, é uma prática recorrente que visa, em épocas de crise do capitalismo, como ocorreu em 1929 e agora, em 2008,compensar o setor exportador: quando há uma queda nas exportações, efetua-se uma desvalorização da moeda nacional - assim, os exportadores, mesmo recebendo menor quantidade de moeda estrangeira, são compensados ao trocá-la por moeda nacional. Mas, isto faz com que os produtos importados passem a custar mais... o que onera o consumo da coletividade, que acaba arcando com o ônus da desvalorização. Protegendo exportadores às custas da população e do setor importador, a manipulação do câmbio torna-se uma prática especialmente perversa e ambígua. E foi nesse "mecanismo cambial" que a industrialização teve, no Brasil, a sua mola propulsora. A crise de 29 encontrou o Brasil em plena expansão do processo de "substituição de importações", típico da industrialização brasileira. Com a fuga de grandes capitais estrangeiros, logo aos primeiros sinais da crise, e a consequente queda das exportações, o governo Vargas toma medidas imediatas, amparando a cafeicultura - comprando estoques, em l931 - com isto, evitando o colapso econômico nacional, pois o café era responsável pela parcela dominante da renda total do país. Nesse processo sustentado de "substituição de importações", o setor industrial se expandiu notavelmente,entre 1929 e 1937 - enquantoas exportações caíam 23%, a produção industrial acusou aumento de 50%. A taxa cambial se manteve baixa até o fim da segunda grande guerra imperialista... É nesse contexto que oBrasil entra na exploração do petróleo (1938) e na criação da grande siderurgia, com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A centralização do aparelho de poder é a principal característica do Estado constituído pelo governo Vargas, saído da chamada Revolução de 30 : rompe-se com a organização política descentralizada da República Velha, com seu alto grau de autonomia dos Estados Federados. Criam-se aqui as bases para o planejamento econômico nacional, uma política econômica mais voltada para as questões das relações entre setores econômicos e não mais entre regiões demarcadas politicamente.. O setor industrial foi o grande beneficiário das transformações ocorridas após a crise de 29 e foi assim que pode se criar e se ampliar o nosso mercado interno...
mas,
Qual é o outro lado da questão cambial, o lado do dominador ?
Os USA sempre se sustentaram emprestando e aumentando capitais de outros países para cobrir o deficit interno. A escassez de dolar no mercado eleva o valor da moeda - esta é a dimensão perversa da dominação: os USA se recuperam das crises através do câmbio. O dolar sobeno terceiro mundo, nos países dependentes (ou emergentes...); mas, surpresa !, odolar cai no primeiro mundo: na crise, o valor da moeda norte-americana está caindo frente ao euro.
É o fim da hegemonia norte-americana ?
Vão ter que dividir o poder com a Russia, a China e a União Européia.... e com os países emergentes, como India, Brasil... Será porque o governo Lula soube acumular reservas em dolares, apenas ? ... Na perestroika, o Estado russo compra ações no mercado para reequilibrar a economia: o que é privado torna-se público !

Afinal, vamos promover uma reestruturação do poder, na ONU.
Uma nova regulação do sistema financeiro global é apenas o início do processo. Essa fase final da transição ao socialismo deverá se caracterizar pelo reconhecimento dos Estados Soberanos, por parte dos governos do G7, com a consequente compreensão de que só poderemos avançar na direção da verdadeira democracia, se forem respeitados os dois princípios fundamentais da nova ordem internacional: cooperação e não - intervenção. Isto significa a troca justa.

Joyce Pires.

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