segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O jornalismo da TV aberta ( 29 julho 2008)

Estamos vendo muita propaganda de um chamado jornalismo participativo, atualmente... na TV aberta brasileira. E esse novo tipo de jornalismo estaria promovendo a participação do público: um novo tipo de noticiário, onde o cidadão teria vez e voz. Tempo de convergências e interatividade. Tempo de compartilhar. Democracia. Liberdade de expressão.
Sobram palavras de ordem. Falta a tal liberdade. Privilegia-se o medo...
Porque para haver liberdade de expressão esse novo jornalismo exige um novo modelo de reportagem, um formato diferente de entrevista, onde se aprofundem os temas da matéria, onde o entrevistado tenha mais tempo para ampliar suas idéias e expressar opiniões. Isto seria a tal liberdade de expressão.
Mas, o que vem ocorrendo é o de sempre ,matérias rápidas e superficiais, onde o fato, a ocorrência, ainda é o assunto privilegiado e a testemunha entrevistada, a "vítima" ou seus parentes indignados, mal tem tempo para uma lágrima ou apenas reclamar.
Entre muitos exemplos, vou escolher um, ocorrido na TV Record, quando um líder comunitário do Rio de Janeiro começava a opinar sobre a vinda de Forças Federais para manter a ordem na cidade, durante as eleições para Prefeitura, em outubro. Ele dizia que não precisamos da Força tarefa; "basta que o Estado faça a sua parte".
Se o jornalismo fosse novo, realmente, seria o caso do repórter perguntar então o que significa, para esse líder comunitário, essa "parte" que cabe ao Estado cumprir: Qual a função do Estado.
Mas, a matéria foi interrompida depois da fala do tal líder e ficamos sem saber afinal qual é a tarefa do Estado, neste caso, ou seja, durante as eleições municipais.
-Estaria o líder comunitário referindo-se a algo específico, ou ele pensava apenas em "segurança pública"; na polícia civil e na militar, estadual ? Quem sabe pensando que o Estado promoveria assim a luta de classes ?!
- Um jornalismo aberto, renovado e participativo, vai exigir uma nova postura de veículos e repórteres. Abrir a midia à participação e à interatividade significa tempo de exposição. Não apenas alguns segundos de fama... Mas, acessar conteúdos.

Joyce Pires.

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