domingo, 30 de novembro de 2008


Três Picos de Salinas

e Salta (do Lieberdade, 22 julho 2000)

Exigências do poeta,
um carecimento de bardo:
se não comunica
é sofrimento na certa.

E vai pela vida carecendo assim
de ser ouvido
não basta dizer apenas
é preciso que o escutem
ser druída, herança maternal
Uma força que incentiva
a criação. Intermedeia: inter medéia.
Não pode fugir.
Não pode disfarçar.
Não adianta nem tentar
Festas da delicadeza
É pegar com a mão
a chama inteira. Reciclar.
Luzerna no alto da colina.
Bicho na espreita, sai do mato
gira sobre o corpo

e salta !

(letra da música 216,em 22 out 2000
by joyce pires)

De Lesbos (do Lieberdade, ll set.2000)

Você me afronta... me desejou
e eu neguei - por isso
você me afronta
com seus cães, mata minhas cabras
seus dentes são o teu falo, Zé
Você me afronta, no éter
com essa sonoridade musical, tão alta
sertaneja e for all
permeia o céu de salinas
espermas sutis repetitivos e mono tons.
Me afronta, se peço para prender seus cães
me ameaça de morte.
e me chama, aos berros, na estrada
de vagabunda, prostituta e sapatão !
Essa profissão, no Brasil, não tem não.
Talvez em Amsterdã exista esse tipo
capaz de satisfazer freguesas carentes
e calientes - uma sapata profissional.
Por aqui, o que temos é a vanguarda,
como diria Camille Paglia, a gáspea :
Eu e a minha dignidade lésbica.

(Lieberdade é um livro de Tantra Poesia
escrito em 2000, by joyce pires)

ÂMAGO (do Lieberdade, 21 julho 2000)

O que nos toca é o prazer
que fica concentrado no íntimo
o frio numa imagem
visual ou acústica, no ser
a lembrança de um grande amor...
uma noite junto e a lareira acesa
nos olhos, a brisa de um reconhecimento
que passa no vento: bruma do mar
frio no Arpoador, e as ilhas
areia da praia no céu, poesia
misturam-se os sentidos
o tato é ouvido, no ato
Música das estrelas:
oitava dança, justa viagem
entre o real e a imagem.

O correspondente sutil,
percepção mais que sensível
permanente semente. Sem morte.
O criativo: aderente. Coração.
Luz do sol e suas cores
que amenizam nossas dores
e pode nos liebertar. Ou não.

(letra da música 248, em 23 março
de 2001, by joyce pires)

Ressonância (do Lieberdade, l8 julho 2000)

Que ternura é essa ? que me lateja nas veias
e me acorda pela manhã bem cedo, um raio
e acaricia todo o meu corpo, dos pés à cabeça
e me arrepia os pelos e me desnuda
um vento frio às vezes e logo esquenta
e ferve meus sentidos e me refresca os ouvidos
e me faz tremer nas bases, fervor, medo !

Que alegria é essa ? que me assalta
o sentimento largo de uma morte súbita
um pressentimento no grito escandaloso dos gaviões
e eu sou a presa ou trigo maduro
e me entrego inteira a esse amor
e me deixo levar nessa deliciosa tormenta
tempestade e calmaria... De repente
me descubro ainda viva e jovem
naquela juventude dos dezoito anos
diante da primeira revelação : sol.

O que é isso que ressoa paz
e que me faz assim tão linda ?
O que é isto que me reciclou ?
Uma impressão profunda e transcendente
A imanência do desejo ! que me deseja.

(letra da música 225, em 15 dez.00
by joyce pires)

sábado, 29 de novembro de 2008

DIÁFANA ( do Lieberdade -ago 2000)

Sincronicidades pelos cantos
nos ares, na casa
caindo das estantes
saindo de dentro dos livros
Sincronicidades significativas
sinais oraculares
anunciando a tua chegada:

Séculos e mares
trituraram rochas esquecidas
para que eu pudesse te dar
esta simples areia
por isto te quero simples
porque te quero
antiga como o mundo.

(letra da música 204, em 25 ago 2000
by joyce pires)

PARA SI (do Lieberdade / jul.2000)

Ser um colibri
tecer o ninho com fios
das teias das aranhas
e musgos das pedras e das árvores
E se alimentar enquanto poliniza.

Olhos nos olhos:
se você me reconhece
o mundo será outro
mais pleno de sentido:
sua voz, meu abrigo.

(letra da música 223,em 9 dez.2000
by joyce pires)

Nagárjuna e Heidegger (do Lieberdade;ago2000)

Outro dia, de passagem pelo Bardo, onde costuma realizar alguns trabalhos, o sábio Nagárjuna, de Amaravati, Índia, que viveu no século segundo de nossa era, autor do Prajnaparamita, encontrou Martin Heidegger, aquele filósofo alemão muito preocupado com o ser e o tempo, sempre... e criador de sentenças grandiloquentes sobre a fenomenologia e a constituição onto-teo-lógica da metafísica...
Heidegger, em sua busca indócil, urobórica, mais parecia aquele cachorro nervoso que rodopia em volta de um eixo imaginário tentando, em vão, morder o próprio rabo...Mas ele estava mesmo pensando a respeito da identidade e da diferença, e dizia: "cada um ele mesmo para si mesmo o mesmo", repetindo Platão... que coisa estranha é essa coisa chamada Filosofia - Qu'est-ce que ?... o amor pela sabedoria ?; e repetia consigo: " a essência da identidade é uma propriedade do acontecimento-apropriação"... o ser é o ente.
Nagárjuna, compassivo, olhou-o e com aquela sua simplicidade tântrica e integridade dialética, disse-lhe:
- Heidegger, meu querido, o ser é um vazio perfeito e absoluto, onde o eu, esquecido de si mesmo, se dissolve e se encontra. Prajnaparamita, a sabedoria transcendente (que passou para o lado de lá), intuitiva, é um bodisatva feminino... e precisamos adora-la com a mesma intensidade com que um amante pensa em sua amada. Sua inacessibilidade faz com que nosso desejo por ela permaneça sempre vivo. Ela anuncia o amor.
O filósofo, especulativo, imerso em si e ainda muito preocupado com as "possibilidades do não -dizer que diz" da sua hermenêutica, parou por um momento e em seus olhos o sábio oriental percebeu as sombras do nihilismo: sempre compassivo, Nagárjuna tomou-o nos braços.
Então, o filósofo, pela primeira vez sentiu a força em seu próprio corpo, seus olhos brilharam, sua mente serenou... e de seus lábios emocionados nasceu um mantra.

(LIEBERDADE é um livro de Tantra Poesia, escrito em 2000, copyright by Joyce Pires)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

INSS : a miséria não tem fim ? (01 maio 08)

Agora eu estava ali, diante do Poder Judiciário, desvendando a realidade do INSS, suas origens populistas, de um tempo em que a ideologia fascista tentava deformar a utopia científica comunista, com a farsa nazista nacional-socialista... mas, a verdade russa revolucionária estava vivificando um pouco mais ao leste... Um tempo em que Getúlio Vargas tentava cooptar os trabalhadores, para que estes não cometessem o sonho libertário. Então, com a criação de um partido trabalhista brasileiro e a instituição da "seguridade social" se pensava que poderíamos dispensar a revolução libertária. Engano: o trabalhismo sempre foi apaziguador das autênticas revoltas e a tal seguridade social nunca passou de propaganda ideológica, antagônica ao trabalhador.

Talvez eu estivesse somente querendo comprovar, na minha existência, o fato de que os trabalhadores rurais não possuem qualquer "segurança social" no Estado bruguês republicano... e que a propaganda democrática está mais para nazi-fascismo.

Talvez, eu esteja somente querendo provar dessa existência, fazer parte da população que trabalha no campo, produzindo alimentos; com as condições de um outro tempo, quando a realidade cotidiana possuia palpabilidade, a vida podia ser tocada com todo o corpo e não apenas com os olhos numa tela de computador; e as mãos, forçadas a praticar, com todos os seus poros e não apenas com as pontas dos dedos, imprimindo digitalidades virtuais.

Processo kafkiano: x INSS.

Agora, eu estava ali, diante do Juiz da Rocha, esperando as minhas três testemunhas... mas, somente uma apareceu, justamente ele, o urbano veterinário, que havia participado em l990, da preparação do projeto junto ao Banerj, com seu programa Moeda Verde, de financiamento rural. Eu pedi para que ele explicasse o item do projeto referente a contratação de mão-de-obra fixa, motivo para um dos indeferimentos para a minha aposentadoria por idade, como trabalhadora rural. O INSS usara esse item para me descaracterizar e me enquadrar como empregadora. No contexto das minhas origens de classe média, talvez... eu aparentasse uma empresária, mais do que camponesa. Mas, são já 28 anos de trabalho rural e o mínimo exigido na lei são l5 anos... E eu mostrava meu talão de nota fiscal de produtora rural, minha inscrição e recibos da cooperativa onde vendia o leite de cabra, onde há descontos para o INSS e o juiz afirmou que isso deveria estar no processo... eu tb achava, mas no INSS disseram que não precisava...
Agora eu estava ali, mostrando minhas mãos cortadas, os dedos torcidos e inchados que a advogada, no papel de defensora pública, acabara de notar e apontar ao Juiz (terceirizaram a defensoria pública ?): Veja as mãos dela, Doutor, são mãos de uma mulher que trabalha (mas a dor que sinto não é visível ).
Foi mais ou menos isso que ela falou, naquele momento em que o Juiz (oliveira é árvore de Atená) acabara de me perguntar sobre os meus rendimentos (que estou sem eles há dez anos,eu respondia), quando me emocionei e as lágrimas-orvalho cintilaram ( Ah, ele é Rocha... Glauber, e Osvaldo, meu padrinho baiano, casado com a irmã de minha mãe, Celeste Terra, eu tenho terra no nome) meus olhos se voltaram para a defensora, depois para o juiz atená meu padrinho (você está vendo bem as minhas mãos ?) e eu mostrei, sobre a mesa, ele ali, diante de mim, olhando e concordando (acho que já está convencido dos meus direitos), com um movimento de cabeça; por um instante piscou os olhos, fechou e abriu os olhos, concordando que realmente as minhas mãos eram mãos de trabalhadora rural, apesar de tudo o que estava escrito em alguns documentos daquele processo contra o INSS, movido pela Justiça Federal: eu estava inscrita anteriormente como bancária (trabalhei no BNH de l978 a l987); e como correspodente, mais anteriormente ( foram só 3 a 5 meses... fazendo atas de uma entidade e não interrompi meu trabalho com os coelhos e as vacas, em 75, porque era isso que me importava realmente, o trabalho que eu começara em 72 e não queria parar, eu amava muito aquele lugar, do amor e da magia, minha Salinas, salvação da minha alma, lugar da criação, da minha salvação, meu lugar no mundo, possibilidade espiritual)... eu estava agora ali, diante do juiz da rocha, aquela pessoa que iria julgar se me enquadro como trabalhadora rural, apesar do documento do INCRA, que tem meu endereço em Ipanema, nos anos de 77 a 89... mas saquei o papel de 88 e ali estava posta restante de nova friburgo, e fui dizendo que eu morei em ipanema quando voltei ao Rio e fui trabalhar no BNH, em 78 (é, eu trabalhei com carteira assinada e contribui para o inss durante 13 anos. Esse tempo de contribuição não conta... se perde na legislação injusta da nossa previdência); e o juiz já perguntava então, por que o endereço de ipanema e se eu confirmava que era jornalista...e expliquei que estudei comunicação de 78 a 82, quando me formei, e nessa época eu trabalhei no BNH e morei em ipanema e, claro que ele estava julgando que isso deve ter influenciado os frios técnicos analistas do inss, para negarem meu pedido de aposentadoria como trabalhadora rural (melhor endereço em ipanema que na posta restante) e eu olhava agora, rapidamente, a expressão no rosto do advogado do inss, bem ali na frente, sentado com seus documentos sobre a mesa, acompanhando atento as perguntas que o juiz me fazia. Era um rapaz jovem, com cara de classe média, daquela classe social em cima do muro da qual eu fazia parte e a qual ainda faço questão de não pertencer !
E ele não fez referências, graças a deus, ao fato de eu possuir, ainda, um diploma de pós -graduação em Ciência Política - que isto não faz parte do processo... sim, este é um caso excepcional - não é a regra. Parece que sou mesmo uma exceção. Talvez uma sobrevivente, quem sabe, apesar de assim exposta nesse rito de passagem; um daqueles seres extraordinários, que gostam de viver na própria pele (e na existência cotidiana) os prazeres e as dificuldades dos outros; poetas, revitalizadores utópicos...
E agora o juiz da rocha me perguntava sobre o meu casamento, em 88, e qual a profissão do meu marido e se ele morou comigo e trabalhou em Salinas e quando nos separamos; foi em 90, ele só ficou três meses, não se adaptou (mas não falei que ele veio com seu namorado, que somos gays e ele sempre foi apenas um amigo, nos casamos para driblar a lei, que não aceita os nossos casamentos gays !; e nos casamos para que eu pudesse receber o meu fgts,para poder recomeçar a minha vida, que em salinas não havia ônibus por perto e eu precisava de um carro para entregar o leite das cabras na queijaria, que a estrada é de terra e lama, nos meses de verâo, águas de março do Tom e eu sempre cantava com a EstrElis, águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no seu coração... é pau, é pedra, é o fim do caminho, é a lama, é a lama... e eu apenas procurava um verdadeiro Lama, que somente me veio, afinal, em 1998 (eu pressentira que ele viria, um dia...).
O juiz já deve conhecer as manhas do INSS para não aposentar trabalhadores rurais, especialmente as mulheres camponesas... que não tem as terras em seu próprio nome - o que não é o meu caso. O juiz parace que compreendeu que eu havia tentado uma espécie de "economia familiar", mas o marido se foi e isto não deve mesmo ser um argumento para que não me aposentem; nem mesmo o fato de eu haver comprado o sítio, em 72, com uma amiga... a sócia, que também se foi, no ano seguinte. E eu, sempre insistindo, persistente, na vida no campo, com minhas cabras pastando solenes no meu jardim (mesmo sem a Lucia). É, a MPB sempre foi uma constante em minha vida, e o juiz não sabe e nem mesmo o inss quererá saber que antes, em 68, eu militei no Movimento Estudantil, eu fiz aquela passeata dos Cem Mil na morte do Edson Luiz (tem uma foto, comigo na passeata bem ao lado do caixão do Edson, carregando um cartaz convocando a população a se organizar, na revista Manchete, em l968) e aquele estudante de medicina, também assassinado pela ditadura burguesa, o Luis Paulo Pires da Cruz, é meu primo (sobrinho de meu pai); que eu estudei violão aos quinze anos, na Ilha do Governador, em 1966, e o Luiz Gonzaga Jr. foi meu professor, é , o Gonzaguinha, filho do Gonzagão, Asa Branca, meu irmão ! - meu irmão Luis. É , a MPB sempre fez parte da minha vida e acabei compondo 400 músicas, numa iluminação completa e irreversível, depois de dez anos criando as minhas cabras saanem e toggenburg, que esse era o meu caminho vajrayana de ressurreição camponesa (convergência adaptativa). Eu cantava, em 1970, numa buate em Copacabana, chamada Snoopy cave e logo ali perto, fazia um curso de pré-vestibular para Psicologia, saía do curso e ía cantar na buate, acompanhada pelo violão do Helio Delmiro, e eu escrevia minhas poesias nuns livros em branco que existiam numa estante num canto da cave, enquanto os clientes bebiam e namoravam, antes do nosso show começar. Eu escrevia, enquanto minha namorada não vinha.
Isto também o Juiz e o Instituto de Segurança Nacional não sabem e nunca irão saber... digo, Instituto de Seguridade Social (aos domingos, eu vendia colagens com folhas secas, cartões, na Feira Hippie).
Sim, exceção. Infelizmente, as duas outras testemunhas não vieram ao encontro. Justo o presidente da nossa associação de trabalhadores rurais, pequenos produtores da comunidade de salinas; eu disse apros e saquei a carteirinha, com a minha foto e nome e entreguei ao juiz, para ele ditar ao escrevente.; o nosso presidente, parace que não percebeu a importância do cargo, ele que me conhece desde que nasceu e seria uma grande testemunha. Mas será intimado a comparecer para a próxima audiência, em 25 junho. Tantas lutas juntos, mas é uma questão de consciência de classe possível.
Ao final, a advogada disse que eles serão intimados e terão que comparecer. Vamos ver.

INSS 2 : a miséria não tem fim (o7 julho 2008)
- O INSS e a Justiça Federal me condenaram a morrer de fome... A juiza Tatiana me sentenciou a pena do não "benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural", em 26.06.2008. Fui condenada a existir, no final da vida, da boa vontade dos amigos e de alguns meus devedores... Sem cidadania. O Brasil não é um país de todos. Ele pertence às classes dominantes. Aos miseráveis, marginalizados, só resta a transgressão.
A juíza insiste no equívoco de que eu teria contratado mão-de-obra e que seria uma "empresária". Em sua sentença também ressalta o fato de eu ser jornalista (sic). Não adiantou a testemunha, o veterinário, afirmar que a mão de obra incluída no projeto do banerj (para a criação de cabras) é apenas uma previsão, não significando que eu contratasse alguém de fato. E realmente o empréstimo mal deu para comprar ração e implementos. A mão de obra sempre foi somente a minha própria, o que me causou problemas neurológicos, como uma bursite e tendenite nos dedos das mãos, pelo excesso de ordenha. Foram vinte anos ordenhando, dos quais dez foram empregados na ordenha de cerca de 40 cabras, das 6 às l3 horas.. depois, ía com o rebanho para a montanha; pastora de cabras... sacerdotiza de cabras.
Agente da classe dominante e suporte da opressão, a juiza não compreendeu o que o veterinário afirmou: o fato de estar prevista contratação de empregados não significa que eu tenha contratado. Aquilo era apenas um projeto de financiamento de um banco rural... Não era um documento essencial, como a escritura do imóvel rural, por exemplo, ou como a declaração da nossa associação de trabalhadores, que afirma que eu trabalho no campo há 24 anos. Sou, de fato e de direito, uma camponesa. Porque eu desejei isso ! Eu optei por essa condição social. Questão de integridade ideológica: sou comunista.
A juiza não entende que apesar de jornalista também sou trabalhadora rural. Ela me condenou por ser jornalista... não pode admitir o fato de que, não conseguindo sobreviver no campo, em 76, eu tenha tentado trabalhar na cidade e me esforçado para estudar, à noite, depois de 8 horas de trabalho, me formando em comunicação social. Depois, em 87, já decepcionada com o rumo tomado pelo governo Sarney, pedi demissão doBNH (agora CEF) e voltei a trabalhar no campo. Simplesmente isso: a juiza (e o Estado brasileiro) estão me condenando porque eu estudei - e isto me descaracterizaria como "trabalhadora rural" . É que a Justica Federal do Brasil está fundamentada no conceito de estratificação social, e nessa ideologia os indivíduos só tem direitos dentro das grades da sua própria condição social. O sujeito é sujeitado ao arbítrio da injustiça social. Trabalhador rural deve estudar, saber assinar o próprio nome, para poder votar... e continuar mantendo essa "democracia" - apenas formal. Trabalhador rural não precisa de curso superior. Este é propriedade das classes dominantes. Curso superior é um bem simbólico das classes privilegiadas. A juiza Tatiana não perdoa a minha ousadia, de ser jornalista... e preferir ser camponesa ! A juiza Tatiana discrimina os camponeses que ousam obter a cultura da classe dominante. O Brasil não é um país de todos.
A Justiça Federal está mostrando a sua verdadeira face: desumana. Minha defensora não pode questionar as minhas testemunhas (que afinal compareceram e confirmaram a minha condição de trabalhadora) porque "poderia parecer que ela queria influenciar as testemunhas". Isso pode ? Pra que então defensoria e testemunhas ? Ela me disse que eles não foram firmes, não mostraram certeza em suas respostas à juíza. Mas essa impressão de hesitação, essa possível dubiedade, foi determinada pelo carater duvidoso das próprias perguntas feitas durante a audiência. Coisa que eu percebi na hora e apontei no ouvido da minha advogada, a defensora pública - que aliás parece não ser tão pública assim... afinal. E se houve dubiedade, esta foi mesmo condicionada pela origem do sistema republicano, em sua própria estrutura mistificadora.
Karl Marx afirmou que a igualdade de direitos precisa ser individualizada, porque as pessoas são diferentes e suas necessidades não são as mesmas. Por isto, para que haja igualdade, há que observarmos cada caso, individualmente. A Justiça precisa ser diferenciada. Marx tinha razão. As pessoas não são iguais e por isto as leis não podem servir para todos enquanto não existir individuação. Para haver democracia (governo de todos) tem que existir liberdade de escollha e respeito do Estado às necessidades individuais dos cidadãos. Leis totalitárias, como essas do Estado burguês republicano, que temos aqui no Brasil, não servem à cidadania. São leis distanciadas da realidade concreta da sociedade. Sintoma de um Estado de ruptura social. Falta cidadania socialista. Esta semana foi aprovada no âmbito do INSS, Lei que permite ao trabalhador rural exercer trabalho urbano, mesmo assalariado, e ele pode escolher um valor para sua futura aposentadoria, ou seja, agora está permitido unir trabalho urbano e rural. Vamos ver se na instância superior, pra onde foi o meu processo kafkiano... a justiça será capaz de se fazer, afinal.

Joyce Pires.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Regressão Humana (26 nov.08)

O tempo do psiquismo ocorre em duas dimensões distintas, uma evolutiva, outra histórica. A evolução psicológica integra o passado ao presente, numa unidade, e o conflito só vai existir quando essa integridade for rompida por uma regressão patológica. É o passado que promove o presente e o torna possível. Na dimensão histórica, o presente, ao contrário, é que dá sentido ao passado e o torna compreensível. A história individual não pode ser escrita em termos de evolução... A regressão é uma virtualidade da evolução e uma consequência da história. Não realizar o presente é uma necessidade defensiva contra o contexto vivenciado. Nessa defesa psicológica, em seus conteúdos, é que vamos encontrar o sentido das regressões evolutivas
É através da angústia (ananke), a necessidade, que a evolução psicológica transforma-se em história individual. A angústia - dimensão afetiva da contradição interna - une passado e presente em relação ao outro, dando-lhes um sentido. A doença se processa em termos retroativos, um círculo vicioso: realimentação.
É preciso encontrar o centro das significações psicológicas a partir do qual, historicamente, o indivíduo vem configurando suas atitudes mórbidas. A angústia é a Necessidade, arquétipo enfermo, paradigma das condutas significativas de um processo civilizatório alienado da verdadeira humanidade.

Joyce Pires.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

NEGRA LUNA (24 outubro 2008)

Luna luna
negra Luna
parcelada em três faces ?

em tua face ocultas
a minha

que se vai
esvai
contigo

Luna Luna
negra luna
que se roça em minhas pernas
e me olha assim, profunda

Negra Luna, se vai

Luna
vai, no mar
se espelhar

quem sabe, às vezes
meu olhar encontres
nas espumas sobre a areia

e minha voz, quem sabe
no sussurrar das ondas,
na noite imensa.

(joyce pires)

Libertar o amor (21 setembro 2008)

Relacionamentos pessoais podem se configurar a partir de potências destrutivas e, quando isto ocorre, é sofrimento na certa. No início de um relacionamento amoroso até os conteúdos patológicos aparecem como fatores de encantamento... porque as enfermidades também se complementam.
Mesmo quando chegamos a perceber que estamos vivenciando uma relação desse tipo, neurótico, geralmente, uma relação de codependência, fica difícil reverter o processo. Porque não basta uma simples percepção; há que realizarmos a compreensão - é cortar as projeções, com ponta de diamante.
Vamos ver o que está acontecendo: o poder destrutivo do afeto pervertido vai se configurar numa relação que representa outra coisa que é justamente o contrário de si, dissimulando sua força destrutiva, um desvio; e essa tendência vai se alimentando dessa energia e se constela, afinal, num tipo de relacionamento que falseia a realidade. Até mesmo onde encontramos uma forma eficiente de representação, numa situação amorosa, lá estará camuflada a potência destrutiva; e não adianta tentar demonstrar a existência daquela realidade sem que seja explicitado o variado campo das projeções e seus múltiplos caminhos. Essas projeções precisam ser reconfiguradas, para que a farsa se mantenha. Então, se desejamos libertar o amor, vamos precisar de uma vontade suficiente para revolucionarmos os sentimentos. São transformações profundas, metamorfoses. Renascimentos.
Joyce Pires.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

COLÔMBIA E GEÓRGIA (09 SETEMBRO 08)

- O que países tão distantes entre si, como Colômbia e Geórgia, têm em comum ? O que podem ter em comum, além de habitados por seres humanos ?...
A Colômbia, na América, país de colonização espanhola, com uma economia estruturalmente agrícola, onde o plantio da coca é, historicamente, a base da sobrevivência dos produtores rurais... país dividido por uma luta de classes, que está em curso há mais de quarenta anos, entre grupos hegemônicos aliados ao imperialismo transnacional e as Forças Revolucionárias da Colômbia (FARC)... que representam os oprimidos... país estratégico banhado pelos dois grandes oceanos, o Atlântico e o Pacífico, com um governo supostamente democrático.
A Geórgia, na região do Cáucaso, país saído da União das Repúblicas Soviéticas, com uma economia que se reestrutura, após um processo de socialização dos meios de produção... país que aparece agora invadindo a região da Ossétia do Sul, durante as Olimpíadas na China - aproveitando-se dos Jogos Olímpicos para "aparecer na midia" como vítima dos russos... é claro que a Rússia defendeu a Ossétia e respondeu ao ataque bombardeando a Georgia. Na região passa o petróleo e o gás produzidos e exportados para os europeus.

- O que esses dois países podem ter em comum ?... além da produção de petróleo...
Vou dar uma pista: o atual presidente da Geórgia é norte-americano, de origem georgiana, claro... mas, nasceu nos USA e possui um escritório de advocacia que representa vários grandes investidores norte-americanos na Geórgia; ou seja, ele é o intermediário dos capitais dos USA na Geórgia e, portanto, se constitui num aliado dos USA.

Agora a resposta é possível; não é mesmo ? Porque o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, também recebe grandes "investimentos" norte-americanos... ainda que não seja através de algum escritório de advocacia, mas com a finalidade de combater o "tráfico de drogas"... ele arma o país contra a população... está matando o povo...
- O que a Colômbia e Geórgia tem em comum é a INTERVENÇÃO DOS USA em seus territórios.
Aliás, esse momento se constitui na primeira vez, na História, em que os Estados Unidos da América (USA) tem a oportunidade de se aproximar do território russo e colocar seus mísseis assim nos limites do grande país comunista. A guerra, antes "fria", agora está completamente declarada e se esquenta, com os mísseis americanos colocados, estrategicamente, na Polônia e na Geórgia. O que os russos fizeram, invadindo a Geórgia, foi apenas uma atitude defensiva.

Os USA estão se aproveitando de um momento de fragilidade da Geórgia para desestabilizar a região das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Na imprensa burguesa internacional você vai ouvir opiniões absurdas, onde a Rússia é acusada e a União Soviética é chamada de "ex-união soviética", que teria "se desintegrado"... O fato é que a União Soviética não se desintegrou. As Repúblicas Socialistas Soviéticas passam por um processo institucional de reestruturação (perestroika); um processo econômico e social que foi decidido durante o congresso que escreveu a Constituição Soviética de 1977, e que foi posto em prática em 1986, durante o governo de Mikhail Gorbachev. Este foi um plano de reestruturação das repúblicas socialistas para promover o desenvolvimento completo das forças produtivas, trabalho e tecnologias. Para a ideologia capitalista geralmente torna-se impossível perceber a grande diferença que existe entre investir os capitais em desenvolvimento humano e o investimento de capitais na competição desumana... No modo de produção capitalista, a opção pela guerra e militarismos tornou-se questão de sobrevivência do próprio modo de produção, que só se mantém, ainda, aviltando os povos e a dignidade humana mundo a fora, porque se vale da violência como forma de se expandir ou se globalizar.
A perestroika não é só uma questão interna, soviética. Como semente da paz mundial, a reestruturação política da URSS precisa ser compreendida como um tema universal. É um olhar para dentro do socialismo e significa mais socialismo. Não é a desintegração da URSS, mas mais democracia, a verdadeira, socialista. Significa abertura e coletivismo na vida diária, mais cultura e humanismo na produção, relações sociais e pessoais mais intensas, mais dignidade e respeito próprio para os indivíduos. É a revitalização do processo revolucionário iniciado em 1917. É uma nova revolução; arte do possível. É um fortalecimento do socialismo.
A perestroika é um programa, decidido pelo 27º Congresso do PCUS, realizado em Moscou, de 25 de fevereiro a 6 de março de 1986 e obteve expressão através de muitos Atos Estatais Legislativos aprovados pelo Parlamento - o Soviete Supremo da União Soviética. Faz parte desse programa revolucionário a promoção da reestruturação da federação, com a individuação política de cada uma das repúblicas da União Soviética, quando cada nação deverá promover seu próprio desenvolvimento, mantendo, é claro, os laços formados na comunidade, baseada na fraternidade e cooperação, no respeito e na assistência mútua. Os processos nacionais são diversificados e as contradições são próprias de qualquer tipo de desenvolvimento. Cada nação possui uma raiz histórica e precisa de um tipo específico de desenvolvimento. A perestroika é a proposta que chega para garantir maior democratização das sociedades. O que importa nesse processo de reestruturação é que haja conscientização do papel da nacionalidade, sem exageros, que só dão margem a visões estreitas, rivalidade nacional e arrogância. É o internacionalismo revolucionário que sempre garante a base da igualdade e cooperação. E isto não interessa ao Consenso de Washington. "Dividir para imperializar" sempre foi o lema dos USA e, nesse momento, é isso que está ocorrendo, mais uma vez. A estratégia é sempre a mesma em qualquer lugar do mundo quando o assunto é petróleo, gás ou mesmo água... Invadem nações, jogam com rivalidades étnicas locais, fazem intrigas diplomáticas, plantam espiões, põem e depõem governantes... a lista de abusos é longa: Vietnã, Angola, Moçambique, Cuba, Brasil, Chile, Iraque, Afeganistão, e poderíamos continuar mundo a fora - os norte-americanos são incansáveis quando se trata dos interesses dos seus capitais. Sua voracidade e crueldade, sempre camuflados pelo "ideal democrático", estão aí, visíveis no noticiário, ainda que mistificados pelas agências de notícias do imperialismo.
O intervencionismo é um vício que não poupa diversos continentes e oprime, tanto as américas central e do sul, como países asiáticos, africanos e, até mesmo, os europeus. O intervencionismo não escolhe suas vítimas de acordo com situações geopolíticas apenas. O intervencionismo norte-americano escolhe suas vítimas especialmente porque precisa submeter todo o planeta aos ditames da reprodução ampliada do capital. É uma questão estrutural, de sobrevivência do modelo altamente consumista e destrutivo; esse modelo de capitalismo que está arruinando a vida na Terra.
Joyce Pires.

A TODOS (21 agosto 2008)

A todos que me calaram
a todos que me excluiram
e me deixaram
falando sozinha

A todos que não me veicularam
e me trancaram
nas gavetas

A todos que se negaram
a me ouvir
E a todos aqueles que me ouvindo
não me escutaram

A todos que me mandaram
plantar batatas (ao vencedor ?)
e aos que se plantaram
diante de mim sem ver

A todos que não se transformaram
ao som de minhas melodias
e não compreenderam a poesia

aos que me censuraram
amordaçaram
aos que me calaram
torturaram
A todos que me negaram
expressão, eu dou
A Voz do Silêncio.

Joyce Pires.

Senciente (14 agosto 2008)

Olhando a história da minha vida, posso dizer que ela foi, quase sempre, um trabalho persistente de compreensão da irracionalidade humana; tornar consciente essa irracionalidade, observada nos comportamentos pessoais e nas guerras coletivas. Agora, aos 59 anos, posso afirmar que minha vida esteve dedicada a esse esforço de compreensão, o que me permite sobreviver aos absurdos desumanos. Desde muito jovem, do que consigo lembrar, dos 3 ou 4 anos de idade, a contínua surpresa, o espanto, diante da bestialidade e crueldade, diante dos abusos e da indignidade; um olhar contemplativo me acompanha. Olhos de um outro de mim, meu refúgio e proteção, pelos quais atravessei as situações de conflito. A força auto-regenerativa das salamandras.
Meus sentimentos, naquele espaço que é meu... meu guia, orientação. Fonte de inspiração e intuição. Não deixo que as loucuras mentais determinem minhas escolhas. Minha criatividade está a serviço de uma estética-ética. Por isto é que a espiritualidade é um ponto de chegada. Sempre renovada, reestruturada. Uma percepção generosa, capaz de abraçar o mundo: minha vida é dedicada aos seres sencientes. Alegria.
Joyce Pires.

O jornalismo da TV aberta ( 29 julho 2008)

Estamos vendo muita propaganda de um chamado jornalismo participativo, atualmente... na TV aberta brasileira. E esse novo tipo de jornalismo estaria promovendo a participação do público: um novo tipo de noticiário, onde o cidadão teria vez e voz. Tempo de convergências e interatividade. Tempo de compartilhar. Democracia. Liberdade de expressão.
Sobram palavras de ordem. Falta a tal liberdade. Privilegia-se o medo...
Porque para haver liberdade de expressão esse novo jornalismo exige um novo modelo de reportagem, um formato diferente de entrevista, onde se aprofundem os temas da matéria, onde o entrevistado tenha mais tempo para ampliar suas idéias e expressar opiniões. Isto seria a tal liberdade de expressão.
Mas, o que vem ocorrendo é o de sempre ,matérias rápidas e superficiais, onde o fato, a ocorrência, ainda é o assunto privilegiado e a testemunha entrevistada, a "vítima" ou seus parentes indignados, mal tem tempo para uma lágrima ou apenas reclamar.
Entre muitos exemplos, vou escolher um, ocorrido na TV Record, quando um líder comunitário do Rio de Janeiro começava a opinar sobre a vinda de Forças Federais para manter a ordem na cidade, durante as eleições para Prefeitura, em outubro. Ele dizia que não precisamos da Força tarefa; "basta que o Estado faça a sua parte".
Se o jornalismo fosse novo, realmente, seria o caso do repórter perguntar então o que significa, para esse líder comunitário, essa "parte" que cabe ao Estado cumprir: Qual a função do Estado.
Mas, a matéria foi interrompida depois da fala do tal líder e ficamos sem saber afinal qual é a tarefa do Estado, neste caso, ou seja, durante as eleições municipais.
-Estaria o líder comunitário referindo-se a algo específico, ou ele pensava apenas em "segurança pública"; na polícia civil e na militar, estadual ? Quem sabe pensando que o Estado promoveria assim a luta de classes ?!
- Um jornalismo aberto, renovado e participativo, vai exigir uma nova postura de veículos e repórteres. Abrir a midia à participação e à interatividade significa tempo de exposição. Não apenas alguns segundos de fama... Mas, acessar conteúdos.

Joyce Pires.

Dignidade (20 julho 2008)

Dignidade é um modo de proceder que infunde respeito. Honra. Uma ética. Na astrologia, é a situação de um planeta em uma parte favorável do zodíaco. Digno é merecedor, habilitado, capaz, honrado, apropriado.
Que vale a pena ?
Dignificar é tornar-se digno.
Dignidade de maneiras ou linguagem... Dignidade no modo de nos relacionarmos: nós não precisamos de um nacionalismo mas de um planetarismo; não de um internacionalismo totalitário e indiscriminado, anárquico e globalizado... mas de um planetarismo privilegiado: onde a Terra, liberta do consumismo possa ainda sustentar seus filhos.
Nós precisamos de uma comunidade. Isto é dignidade. Respeito mútuo.
É uma relação de espiritualidade ou princípio de consciência. Diversidade. Uma estética-ética.
Eu não preciso de dinheiro para ter dignidade. A minha capacidade transcende a produtividade. O modo como me relaciono é a prioridade. E o que me faz digna é a maneira como vivencio a realidade e o convívio... a convivência, a generosidade.
Dignidade é procedimento ético. É um ponto de chegada. É um Bolero de Ravel.

Joyce Pires.

Violência desumana (22 abril 2008)

(à memória de Isabella)

- A violência não é da natureza humana; ela é condicionada historicamente. E o caminho do seu refinamento é um caminho espiritual: somente com o trabalho de reumanização alguém conseguirá alcançar a verdadeira natureza humana, que é suavidade. Isto é uma ética.
- A brutalidade é consequente de um longo processo de aviltamento da humanidade, quando a inteligência é substituida pela voracidade e pela agressividade. Mas, essas não são humanas, elas são apenas características residuais de uma condição animal ancestral - que se manifestam quando não se criam situações de transcendência, na formação social. A sociedade capitalista psicopatiza os indivíduos.
- Violência e brutalidade não são vocações humanas. Nossa vocação é a suavidade.
Criar ou educar são atos de amor.
Observe o comportamento das crianças pequenas: costumam agredir irmãos e amiguinhos durante as brincadeiras, fazem birras com os pais, batem, berram, resistem a obedecer... toda sorte de violência. São como animais, como um bode implicante, sempre tentando impor as mais absurdas atitudes, medindo força com o dono, com a autoridade... Poder ?
Mas, a vocação da criança é ser humana. E crescer significa justamente humanizar-se.
Joyce Pires.

domingo, 23 de novembro de 2008

FOLHA (22 nov.08)

Folha de bananeira
lisa lâmina
espada
rampa

desagua
a lágrima

verde, na chuva ampla
reluz por dentro de prata

trêmula nas pontas
ao pingar escorre larga

afiada memória
folha verdejante
molhada tela

amortalha
minha dor, folha
onde tudo é divino
amor calha.

(joyce pires)

Alerta News (13 julho 2008)

Nesses tempos de convergência de midias, Ciber TV, digitais e TV aberta, é bom lembrarmos em que tipo de contexto a cibernética se expandiu pelo mundo... Como quase ninguém sabe, nem mesmo os profissionais da midia, foi durante a segunda grande guerra imperialista (conhecida como segunda guerra mundial) que os primeiros computadores foram utilizados, por um governo... para fazer o censo dos habitantes de um país. E pasmem: a tecnologia norte-americana, recém desenvolvida - IBM - foi utilizada por Hitler e pelo nazismo, para fazer o censo dos judeus, em toda a Europa. Anter de invadir um país, Hitler mandava a IBM e seus computadores, ainda no nível dos "holerits", aqueles cartões perfurados, que depois passaram a representar os cartões de controle dos trabalhadores, os "cartões de ponto", que acabaram sendo sinônimo de "recibo" dos nossos salários... como eu dizia, a IBM chegava com seus escritórios e agentes da informática e se instalavam no país, que depois seria invadido pelos alemães nazistas. Assim, Hitler podia conhecer quem eram os judeus, em cada cidade, e localiza-los facilmente e prendê-los. Era a cibernética (norte-americana) a serviço do holocausto ! É, amigo leitor, a IBM, em seus primórdios, foi contratada por Hitler para cadastrar os judeus. Claro, que depois, o proprietário da IBM tentou impedir que sua empresa continuasse servindo ao nazismo e sua terrível proposta totalitária. Mas era tarde. Quando a IBM enviou a ordem para que seus funcionários desmontassem os escritórios europeus e retornassem aos EUA, as chefias locais já haviam sido corrompidas pelas "idéias" lucrativas... do nazi-fascismo. Vários países já estavam sob o controle de Hitler e os campos de concentração já funcionavam a todo vapor... milhões de judeus morriam nas câmaras de gás ou assavam nos fornos do inferno hitlerista. O monstro racista já se instalara em quase toda a Europa, cobrindo a humanidade com a nova tecnologia totalitária... de vergonha e indignidade !
Sob o horror dessa guerra delirante, sob o terror do totalitarismo, se esconde uma verdade terrificante. A sandice racista(*) é apenas a ponta de um iceberg chamado modo de produção capitalista, essa maneira de produzir bens e serviços extremamente injusta e antidemocrática, em sua última fase ou estágio, o imperialismo, que hoje conhecemos pelo nome asséptico de "globalização". Em tempos de convergências ..... é sempre bom ressaltarmos essa informação.

(*) Nota: A eugenia nasceu nos USA (EUA) e foi praticada em muitos colégios do governo, desde o final do século XIX até há pouco, nos anos 60 do século XX. Atenção !
Joyce Pires.

A força do alimento (10 julho 2008)

No Abecedário do filósofo Gilles Deleuze, vamos encontrar muitas jóias mas, é no Alimento que certamente nos surpreedemos: como ele diz, é uma festa... comer as três maiores delícias, que são uma Trindade: miolo, tutano e língua...
O Miolo é o Pai, é Deus, é o Conceito; o Tutano é o Filho, é Jesus, é o Afeto; e a Língua é o Espírito Santo, é o Percepto. Deleuze se entusiasma com seu insight e logo percebemos a sutileza da sua Fome. É uma fome de espirito e integridade. Dos bovinos, ele fica com as partes mais significativas: o cérebro, a medula óssea e o músculo da fala. Estranho paladar ?
Gilles Deleuze acredita que esses alimentos são mais ricos em nutrientes... apesar de serem considerados partes "menos nobres" e mesmo nojentas. O que importa é o nível nutritivo, que transcende o físico. É alimento simbólico, capaz de fortalecer o corpo enfraquecido do filósofo francês, que contraiu tuberculose quando jovem ? Mas, Deleuze não escolheu tais petiscos apenas por seu valor nutricional ou medicinal. Ele vai mais além, até do valor simbólico ou significante. Quando dimensiona a trindade cristã, está apelando à uma espiritualidade que aponta para o seu próprio campo semântico. Para o filósofo, a nossa Língua-mãe é o fogo da percepção. E comê-la é se apoderar da força divina.
Joyce Pires.

Por que as leis não são cumpridas ? (l2 junho 08)

Você poderia pensar que isto ocorre porque as pessoas simplesmente não gostam das leis, ou porque elas não servem, ou porque algumas são injustas... ou porque muitas pessoas são bandidos... bem, você pode dizer muitas coisas sobre esse fato...
Afinal, por que muitas das nossas leis não são cumpridas ? Por que não são regulamentadas ? Será porque elas foram feitas por pessoas que estão muito distanciadas de nós, simples mortais ? Quem são essas pessoas que fazem as leis ? Não são os "nossos representantes" no Congresso ? Então, por que as leis não nos servem ? Por que não se cumprem ? Vamos ver isso mais de perto. O que acontece de fato ?
As leis são um conjunto de regras que pretendem colocar ordem e justiça, para que as pessoas possam conviver com alguma harmonia, amenizando os conflitos sociais; para que os bens disponíveis na sociedade possam ser usufruídos com equanimidade... bem, isso seria o ideal; não é mesmo ? Entretanto, a realidade parece não acompanhar esse compassivo paraíso legislativo.. Por que ?
Vamos ampliar o foco:
O que é o legislativo ? - esse "poder" que compõe o âmbito da República, essa forma de governo, com seus "três poderes", o Executivo, o Legislativo e o Judiciário; onde cada um interfere para que a harmonia entre eles seja mantida... foi Montesquieu quem sugeriu, e a idéia pegou! Onde ?... na república burguesa !
Mas, por que isso "deu certo", ou seja, "pegou" ? Ah... mistério.
Vamos nos entender: o Congresso Nacional ou Legislativo, onde as leis são feitas, é uma instância ideológica do Estado Republicano e as relações sociais, onde as leis são aplicadas, são uma instância concreta, real; elas são o cotidiano das pessoas, com seus conflitos pessoais, enfim, as relações de classe que, na formação social capitalista, são relações conflitantes, competitivas, que constituem a chamada "luta de classes" ( que se reflete no congresso).
Então, essa diferença, esse desnível, entre o ideológico e o concreto, é o motivo porque as leis não podem ser cumpridas em todos os momentos... Porque, na formação burguesa, capitalista, não existem as condições necessárias para que a harmonia - que as leis pretendem - se realize plenamente.
Quais seriam essas condições necessárias para o cumprimento das leis ?
Veja: se as leis são feitas no âmbito da ideologia, ou seja, são produzidas na superestrutura da formação social, ou seja, "distante" da concretude real das relações sociais, precisamos de um "canal" ou uma mediação, que possibilite o contato necessário com a realidade da estrutura social, que é feita de relações sociais e relações de produção. Esse canal seria o Estado ? Poderiam ser as ONGs (organizações não governamentais) ? Afinal, como transformar o ideal em realidade ? Isso pode ??
Utopia ? ... Ou ciência ?!
As formações sociais são um processo histórico e dialético e as relações sociais harmoniosas só podem existir no âmbito do desenvolvimento espiritual do ser humano e isto significa uma cultura libertária.
Enquanto as classes dominantes se servirem do Estado burguês para manter a Ordem, em favor de seus próprios interesses egoístas, não haverá maneiras para o cumprimento das leis. Nenhum judiciário será capaz de fazer valer uma lei, e isto não é assim nem mesmo porque a burocracia ou a falta de juízes... promovam as prescrições e os equívocos... mas, simplesmente, porque essas leis estão aí para sustentar um formato de governo que não serve à maioria das populações desse planeta e só o tem feito é promover a destruição da dignidade humana e o próprio Planeta.
Essa forma, esse modelo republicano de governo, não passa de uma impostura ! É uma grande farsa que uma minoria de privilegiados vem reproduzindo durante séculos para manter sob opressão a maioria das populações desse planeta.
E não será com violência que vamos combater essa forma ignorante de governar ! Não utilizaremos a mesma arma que eles ! Não! A nossa arma, ao contrário, será a nossa inteligência humana, essa inteligência que cintila em nossas mentes, e que nos faz humanos, uma inteligência amorosa, capaz de compreender e criar novas formas de ser, onde o ter não seja o motor da história.

Joyce Pires.

De construção (22 março 2008)

Eu estou construindo
uma barreira indestrutível
feita de silêncios e fome
por onde não passe nenhum vestígio
nem mesmo o seu nome.

Estou construindo uma fortaleza
insondável
feita de suor e sangue
capaz de imunizar
até mesmo o seu nome.

O que eu estou construindo
é algo muito antigo
que não foi sublimado
uma jaula de carne e de pedra
onde você possa encerrar sua fera.

E desse doce cárcere
brotará como nova rosa
um câncer.
Enfermidade do arquétipo.

(joyce Pires)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

É : O TRABALHO TEÓRICO (22 maio 2008)

O trabalho teórico, na visão do realismo histórico e dialético, é um trabalho necessariamente crítico, uma análise criteriosa e profunda das condições em que as relações de produção capitalistas se reproduzem e se reestabelecem - para que possamos desenvolve-las e transforma-las, na direção do modo de produção socialista.
Esse conhecimento das condições existenciais precisa ser uma apropriação cognitiva do objeto (ou fato) real e, para tanto, a relação entre o fato conceptual (objeto do conhecimento) e o objeto real, onde há um índice ou uma diferença de ordem, deverá se esclarecer, exatamente na compreensão das interferências efetuadas pela ideologia dominante, que sempre condiciona a percepção e o pensamento.
Libertar o trabalho teórico e a elaboração do conhecimento dessa prisão ideológica é a tarefa crítica marxista. Esse é o espaço aberto pelo verdadeiro conhecimento científico da realidade, um espaço aberto pela elaboração de novos conceitos, que dêem conta de ver e construir uma nova realidade social, um novo modo de produção com novas relações sociais.
São os novos conceitos, criados pelo realismo histórico e dialético ( a filosofia da práxis), que possibilitam uma ciência verdadeira, capaz de contribuir para a transformação da sociedade, no rumo do socialismo. Ao se estabelecer o novo conceito, o pensamento se ilumina: é o insight ou compreensão profunda. A dialética marxista consiste numa nova forma de observar os fatos sociais, que pode desvendar o ciclo produtivo e as sucessivas metamorfoses do capital... por exemplo, como ocorre com o conceito de mais-valia - que desvendou o fato de que o capital é obtido na esfera da produção dos bens, através da parte do tempo de trabalho que não é pago ao trabalhador, mas embolsado pelo patrão ou proprietário dos meios de produção. A mais-valia é a diferença entre o valor de troca da força de trabalho e o valor por ela produzido; ou seja, o trabalhador assalariado sempre produz um valor a mais e recebe apenas o suficiente para a manutenção e subsistência de sua força de trabalho, que não passa, no sistema capitalista, de uma simples mercadoria, e como qualquer mercadoria, possui um custo de produção... A sua característica especial consiste justo no fato de ser uma mercadoria capaz de acrescentar um valor excedente a tudo que produz - esse valor que o trabalho produz a mais é a mais-valia, que deveria ser incorporado, socialmente, ao salário do trabalhador. Isto é a justa necessidade, que dá a diferença preciosa entre os dois modos de produção: no socialismo, o trabalhador recebe de acordo com a sua capacidade produtiva.
Agora, um novo conceito se anuncia aqui: a globalização. Ela é um processo histórico. O processo de globalização é múltiplo e dialético, é um processo de internacionalização do capital e das relações de produção; é um processo de internacionalização de valores e padrões de comportamento, da cultura e dos meios de comunicação social. É um processo etnocêntrico, original e poderoso, que está se impondo a todo o planeta, de comando, numa única ordem, a de um modelo fonético único, um logocentrismo, uma metafísica da escritura fonética ... a Internet, uma espécie de clausura histórico-metafísica.
... Mas, a dialética, como verdadeira força impulsionadora da vida, se impõe. Afinal, é um processo dialético de globalização dos meios de produção, etapa final da transição ao modo de produção socialista, com a transformação completa das relações capitalistas e do sistema de exploração do ser humano. Aqui, o processo se une a um projeto.
- É isto, ou a destruição do Planeta; se insistirem no modelo consumista e antiecológico. A escolha pelo socialismo é hoje mais do que um humanismo. Ele é o caminho possível de sobrevivência da vida humana no planeta Terra. Precisamos de globalização da cooperação e da solidariedade. É.

Joyce Pires.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nessa Hora (20 agosto 2008)

(...)
Nessa hora tão perfeita
um cheiro de capim
Bethânia cantando com Jeanne Moreau
teus olhos são naufrágios
nessa hora tão perfeita.

(final da letra da música 402,
de 1 out.2008 by Joyce Pires)

REVITALIZADORES UTÓPICOS (10 abril 2008)

Quando um grupo dominado e excluído desenvolve ao máximo sua consciência possível, ele é capaz de romper com o pensar, o sentir e o agir das classes dominantes. O que estava reprimido no inconsciente - condensado ou deslocado na linguagem - salta e jorra, de repente.
Os carecimentos radicais emergem
o discurso irrompe como flores
no outono ou na primavera.

O que a linguagem encobre, a vida descobre. O que tem importância para a vida não é a execução de atos heróicos mas o significado psicológico de nossas ações.

O socialismo é um longo trabalho de reorganização da vida e uma festa popular. É uma revolução de formas, quando os carecimentos deixam de ser "ausências" para ser "projetos radicais".

Os revitalizadores utópicos são poetas que sonham com o que está "fora" da realidade, num futuro imprevisível... Utopia ?, plano ideal ?
- Não; quando está em ação a imaginação criativa, que capta as possibilidades da formação social, suas oportunidades históricas. E sua utopia então é uma preparação.
No Manifesto Comunista de 1848, Marx e Engels prestam justiça aos grandes socialistas utópicos Saint-Simon, Fourier e Owen, precursores do comunismo científico. As obras destes filósofos são material precioso para a crítica do capitalismo e para a educação dos trabalhadores. Eles aparecem no primeiro período da luta entre o proletariado e a burguesia (a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social), e se esforçam para compreender o antagonismo das classes, assim como a ação dos elementos dissolventes na própria sociedade dominante. Mas não percebem nos trabalhadores nenhuma iniciativa histórica, nenhum movimento político que lhe seja próprio. Defendem a classe operária porque é a classe mais sofredora. Nessas obras "utópicas" encontramos propostas positivas para a futuro, a supressão da distinção entre a cidade e o campo, abolição da "família" e do lucro privado, e do trabalho assalariado, a proclamação da harmonia social e a transformação do Estado numa simples administração da produção. Em sua época foram revolucionários; mas não os seus seguidores. As seitas formadas por seus "discípulos" são reacionárias, porque não percebem o desenvolvimento histórico dos trabalhadores e a necessidade da luta de classes. Para realizar todos os seus " castelos no ar" são obrigados a contar com os cofres de filantropos burgueses e apelar para os seus bons sentimentos... Opõem-se a qualquer ação política organizada da classe trabalhadora e não passam de conservadores. Os verdadeiros revitalizadores poder ver o real possível.

Joyce Pires
SER OU NÃO, SER, ESTA É A QUESTÃO.


Quando só resta transgredir (07 abril 2008)

Quando uma formação social não cria espaços públicos de transcendência, o que ocorre é quase paradoxal - só resta aos indivíduos a transgressão. Quase... porque, na verdade, transgredir pode ser apenas atravessar limites ou ir além dos termos, das fronteiras. Não é necessariamente infringir ou desrespeitar as leis ou a ordem. Transgredir pode ser uma atitude realmente revolucionária, que se aproxima da transcendência, na sua acepção de exceder as fronteiras de classe ou do próprio âmbito; quase... uma revelação divina.
O que dá a qualidade especial da ação de transgressão está no tom da atitude, a consciência do valor do trabalho individual, a indignação transformadora, o enfrentamento lúcido e organizado; violação da ordem imposta: uma violação com legitimidade.
E então voltamos aqui a uma teoria dos carecimentos radicais e da superação transgressora. Os carecimentos radicais são todos os carecimentos nascidos na sociedade capitalista, em consequência do desenvolvimento da sociedade civil mas que não podem ser satisfeitos dentro dos limites dessa mesma sociedade. Portanto, eles são fatores de superação da sociedade capitalista. Para que os carecimentos se tornem visíveis é preciso que eles se individualizem. O público é a soma das individualidades. O outro é parte integrante da sua própria vida.
O capitalismo é um sistema de apropriação privada de bens coletivos, por parte de uma minoria de privilegiados.
Mais do que um "parteiro", sujeito histórico revolucionário, quem sofre carecimentos radicais pode tornar-se sujeito e objeto, uma unidade, no sentido de uma transformação da sociedade. Tal revolução vai depender apenas dos carecimentos, dos conteúdos expressos e do grau de consciência adquirido; o caráter revolucionário de uma classe ou fração de classe e seus programas políticos partidários e de movimentos só dependerá da radicalidade de seus carecimentos.
Apesar dos carecimentos radicais só se manifestarem na democracia, a democracia formal não é um sistema de instituições suficiente para satisfazer todos os carecimentos radicais. Não é uma premissa suficiente.
Os carecimentos referem-se sempre a valores e se definem sempre a partir de valores. Então, há que nos pautarmos por uma ética socialista. Os carecimentos radicais vão se definir a partir de aspirações realmente libertárias e verdadeiramente humanas. Novos valores para uma nova vida; novas formas institucionais de vida. Somos responsáveis por nossas escolhas e por nossas ações. E somos responsáveis também pelo que não fazemos. Por isso, precisamos de coragem cívica - para realizarmos o socialismo. A liberdade é uma relação e como tal deve ser continuamente ampliada. Ninguém pode ser livre se ainda existirem outros que não o são. Só uma inspiração individual pode estabelecer o que fazer.

Joyce Pires.

EN - LAÇO

A luz vermelha do sol
na janela fechada da casa vizinha
reflexos que vibram
na foto by Guida
agora online


por dentro calor
a vida vivida
estilo

por fora ética
atenção possível
disponibilidade.

........ (Joyce Pires)

medite

TODO REVOLUCIONÁRIO É MOVIDO POR SENTIMENTOS DE AMOR.
( CHE Guevara)


Educar é ligar linguagem e realidade. Educar para transformar.
(Paulo Freire)

Tarefas Importantes (21 março 2008)

É muito comum você ver na TV matérias sobre o trabalho das pessoas e sempre ouvir que as"tarefas mais importantes" devem ser desempenhadas pelos mais capacitados e receber salários mais elevados... se isso não é dito assim explicitamente, vem embutido nas entrelinhas. É o senso comum agindo ? perversamente. Isto significa que, em nossas sociedades capitalistas, o trabalho manual ainda é tido como desvalorizado, porque não exige especialização e anos de formação educacional. Aqui, claro, se incluem os trabalhadores rurais, especialmente! - são aqueles que receberam da tradição, ou seja, da família, o manejo necessário para lidar com a roça ou com a criação...
Essa ideologia não quer ver a realidade ou quer encobrir a realidade - o fato de que é o trabalho na terra que produz o essencial para a vida e a sobrevivência, o alimento de todo santo dia! Afinal, por mais valorizado que seja o trabalho nas áreas das comunicações e da informática, ainda não comemos (apenas) informação.
A divisão da sociedade em classes nos leva a definir as classes sociais pelo lugar que elas ocupam no processo de produção e, confirmando Karl Marx, pelo lugar na formação social durante o desenvolvimento da luta de classes.
Sim, as relações sociais são históricas e são produzidas pelos seres humanos. Portanto, são passíveis de mudança e transformação. Já é hora de compreendermos a necessidade de uma consciência de classe, adequada ao momento de transição que vivemos, esse longo período de passagem ao modo de produção socialista. Isto, se desejamos realmente superar a ideologia dominante,ainda alimentada pelos vapores do funcionalismo, de origem norte-americana... que gosta de nos enganar com coisas do tipo "a necessidade universal de estratificação em qualquer sistema social" ou "as sociedades precisam da desigualdade social porque a competição motiva os indivíduos na estrutura social"...
- Não !
A formação social não precisa da desigualdade social. A estratificação social aparece, nessa ideologia, não como algo produzido pela maneira como a sociedade produz seus meios de subsistência (modo de produção), mas como razão justificável e justificadora da própria "estrutura social". - Isto é ideológico. A estratificação é um fenômeno da superestrutura: são fixações sociais e jurídicas, mentais, de certas relações de classe. São racionalizações ou justificações do sistema econômico existente, ou seja, uma ideologia.. São fósseis das relações de classe, quando muito.
Na verdade, a estratificação social tem sua história e se insere no processo da luta de classes. As posições de classe fazem parte da luta de classes. A desigualdade não é uma função; ela é produzida por uma ordem estabelecida e funciona... no processo de dominação de uma classe por outra, pela que detem o poder de Estado e dos meios.
"Estratificação" é uma palavra da geologia e significa sedimentação de terra ou de rochas, que se solidificam formando estratos, ou camadas.
Essas palavras dizem bem o nível ideológico desses termos, dessa escolha. Na formação social, tal sedimentação em camadas ou estratos não é natural, é consequência de coação, repressão, luta de classe. Não flui ao vento ou às águas. É algo histórico e consequente da ignorância. Algo que se relaciona com a ética, ou melhor, com a falta de ética, algo desumano. E, portanto, passível de ser revolucionado.
A formação social está em processo, é dinâmica. Não é uma rocha. Só o que temos que fazer é transforma-la. Lembre-se: as classes só existem em relação umas com as outras. Da forma como o "senso comum funcionalista" fala, parece que as camadas são colocadas sucessivamente, como as substâncias de um terreno ou solo... Ocorre que a formação das classes sociais não se dá através da estratificação. Esse tipo de sociologia se origina da ideologia burguesa, que quer a formação social, chamada "sociedade", eternamente sedimentada... uma classe se consiste quando toma consciência de si mesmo e atua para si.
Função é a contribuição que um elemento cultural presta para a perpetuação de uma configuração socio-cultural. Então, a desigualdade seria uma causa da formação capitalista e não a consequência. Na verdade, ela realimenta o processo de exploração da classe trabalhadora.
Para o funcionalismo, a sociedade é um grande mercado que interage em harmonia, em graus. Não há conflitos.
Trabalhar na terra é a tarefa mais importante.Uma sabedoria que, atualmente, mais do que nunca, possui um valor extraordinário - afinal, precisamos salvar a vida no planeta! Por isso, reafirmo aqui, mais uma vez, aquelas minhas palavras de ordem:
- Terra para quem nela trabalha, de uma maneira ecologicamente sustentável. O chão e o planeta.
- Viva o MST ! Não pode haver proteção ambiental sem a regulamentação da questão fundiária.
- Todo indivíduo é necessário, mesmo sem o "estatuto do emprego", e tem direito à seguridade social.

Joyce Pires.

IRAQUE : CINCO ANOS DE GUERRA (19março 08)

Hoje se completam cinco anos de absurdos no Iraque. O Presidente Saddan Hussein foi enforcado, após um "julgamento", promovido pelo governo chiita, colocado no poder pelos USA...
A população norte-ameericana se mobiliza e várias manifestações são feitas no país, questionando essa guerra. Por que os USA invadiram o Iraque ? O motivo alegado por George Bush era que Saddan tinha armas químicas e ameaçava os USA.. Já foi provado que não existiram tais armas e o presidente iraquiano foi assassinado em vão. E sua presença faz muito falta ao Iraque, porque era ele quem mantinha o equilíbrio social no país. Saddan pertencia ao grupo étnico sunita, que sempre conseguiu manter os chiitas fora do governo. Os USA aproveitaram essa situação social para dividir o Iraque, apoiando os chiitas. Coisa surpreendente !, porque os chiitas são mais radicais ( e já foram "inimigos").
Agora, no processo eleitoral norte-americano, as duas posições diante dessa guera se tornam muito claras: os democratas são contrários e querem retirar as tropas do Iraque; os republicanos querem manter a invasão. Agora a população deverá escolher. Se o povo norte-americano realmente desejar essa guerra é só votar no candidato republicano, que afirmou, essa semana, que se for necessário, vai manter a invasão até a vitória americana,"porque os USA precisam ser respeitados"...
A verdade é que interesses da indústria bélica obrigam a atividade expancionista norte-americana - o modo de produção capitalista precisa da guerra para se manter, para existir. O imperialismo é a forma existencial do capitalismo e a guerra é a sua força motriz.
Invadir o Iraque e destruir o país é uma escolha geopolítica dos republicanos, porque o Iraque de Saddan Hussein significava uma resistência no Oriente Médio, ao próprio modelo capitalista. Os números são exemplares da ignorância absurda. Esses cinco anos de guerra já consumiram 3 trilhões de dolares e mataram mais de 4 mil norte-americanos. Do Iraque, morreram mais de 500 mil cidadãos e o país, antes livre, é agora uma nação arrasada, sem saneamento, sem água, sem alimentos; 60% do povo está sem trabalho... mais um genocídio, promovido pelos USA e mantido pela hipocrisia militarista.
joyce pires.

Rússia e China (11 março 2008)

... são os alvos prediletos da midia burguesa, em seu insistente mau hábito para desacreditar o comunismo: sempre que podem, se referem aos dois países como se já não fossem exemplos do sucesso histórico comunista, ressaltando que Russia e China agora são países capitalistas !
- Isto é propaganda enganosa.
O que ocorre é apenas um processo natural de reestruturação das duas sociedades, que estão na fase ou estágio de desenvolvimento dos meios de produção (já socializados).
A teoria marxista previa um momento inicial na revolução comunista, em que os meios de produção são estatizados para que possam pertencer a toda a população - e não apenas aos proprietários privilegiados, donos do capital. Num segundo momento, esses meios de produção, passam por um processo de socialização, quando algumas empresas podem ser privatizadas - e isto não significa uma volta ao capitalismo ! O modo de produção continua sendo o socialismo. O fato do capital e meios de produção serem privatizados não significa que voltará a exploração da classe trabalhadora. O que faz a diferença entre os dois modos de produção é que, no capitalismo, os lucros são embolsados por proprietário de meios de produção, através da exploração da força de trabalho, através da mais-valia -- que é o tempo de trabalho que não é pago no salário do trabalhador e embolsado pelo patrão. No socialismo não existe essa mais-valia; o lucro é socializado. Aqui, "privatização" significa "público" ou "não-estatal". Russia e China não se tornaram países capitalistas. A partir de l986, uma mudança se verifica: a antiga URSS passou pela fase de reestruturação econômica e social (perestroika), quando empresas não-estratégicas foram socializadas ou desestatizadas - e isto já estava previsto na constituição soviética de 1977. A reestruturação faz parte de um planno de desenvolvimento da sociedade comunista, que deveria ser acompanhado ( e foi) por um processo de reconstituição das Repúblicas Soviéticas. A "União Soviética" não foi extinta. O que houve foi uma reestruturação das repúblicas. Esse movimento centrífugo tem como objetivo o desenvolvimento das forças produtivas.
Na teoria marxista, a primeira fase, a fase socialista, é um processo histórico de desenvolimento das forças produtivas (capital e trabalho) e dois meios de produção (terra e tecnologias), que precisam, primeiro ser estatizados e depois distribuidos à população.
Na China, esse processo está sendo implementado nos últimos dez anos, com a reestruturação social. A diferença é que, na China, não há as várias repúblicas soviéticas e o modelo chinês não inclui, portanto, o aspecto nacional... com exceção da questão do Tibete, mas isto se deve às ações do Dalai Lama, com participação da CIA, para desestabilizar a região. O que precisamos saber é que os países que passaram por revoluções comunistas (URSS, China, Cuba, Angola, Moçambique, Irã, Libia, Vietnam, Camboja,etc) continuam no caminho revolucionário - não voltaram ao capitalismo. O fato de ter um McDonald ou Coca-cola na China ou na Russia... não quer dizer que o capitalismo é o modo de produção; a estruturação econômica dessas sociedades ainda é a via socialista revolucionária.
O socialismo é a primeira fase do comunismo. É uma longa fase de transformação da formação social, quando as relações capitalistas são substituidas por uma forma mais justa e solidária de relações de produção de bens de produção e bens de consumo.
Presta atenção nessas duas frases, que são dois princípios, das duas fase históricas:
1) No socialismo: de cada um conforme a sua capacidade; a cada um conforme a sua produtividade.
2) No comunismo: de cada um de acordo com a sua capacidade; a cada um conforme a sua necessidade. É o reino da liberdade.

Joyce Pires.
A MINHA SOLIDÃO SOU EU.

Joyce Pires (1993)

POETA

ALÇAR O VÔO
E VOAR
É O SER DO PÁSSARO.

Joyce Pires (2000)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

EM MIM

"Os reflexos condicionados
são codificados
pelos genes das células corticais"

assim era a minha hipótese
publicada no Instante: Vida e Morte
em l976
- copyright by Joyce Pires

o que vale dizer:

o soft não existe sem o hard
arde
arde labareda

OM
on earth

in
earth

em
mim

..... Om Ah Vajra sambhava Hung
(Joyce Terra Cesar de Mello Pires)

domingo, 16 de novembro de 2008

O LIVRE DESENVOLVIMENTO DE CADA UM

É A CONDIÇÃO DO LIVRE DESENVOLVIMENTO

DE TODOS.








- NO SER HUMANO, NATUREZA É CULTURA:
NATUREZA HUMANA.

Barkfly / 06 março 2008

O veleiro voador é o barkfly.... aquele barco que me permite ver o real. É um veículo especial, que desenvolvi em l998... tema de uma canção que me veio durante aquele processo criativo, musical, que sofri durante alguns anos (l997 a 2005), quando compus quatrocentas músicas e letras. A bordo, pelas bordas, pelas margens: o veleiro voador me abre vários olhos; ele são "olhos", que me permitem ver até o que está ainda invisível.

Na terça-feira, encontrei Antonio Gramsci, o revolucionário "santo Antonio do cárcere", fundador do Partido Comunista italiano, que foi preso em 1926, quando era deputado... e morreu em l937, vítima de uma hemorragia cerebral, consequente dos maus tratos e torturas, durante o regime fascista de Mussolini.
Em suas "Cartas do Cárcere", na página l59, da edição da Civilização Brasileira, de l966, "Lettere Dal Carcere", à Tania, em l9 de maio de l930, na Penitenciária de Turi
vamos ler
"Eu, para falar a verdade, não sou muito sentimental e não são as questões sentimentais que me atormentam. Não que seja insensível (não quero fazer pose de cínico ou blasé); antes mesmo as questões sentimentais se me apresentam, eu as vivo, em combinação com outros elementos (ideológicos, filosóficos, políticos, etc) de tal modo que não saberia dizer até onde chega o sentimento e onde começa, ao contrário, um desses outros elementos; talvez nem soubesse mesmo dizer de quais se tratam dentre todos esses elementos, tanto eles se unificaram num todo incindível e de uma vida única. Talvez isto seja uma força, talvez seja até uma fraqueza, porque leva a analisar os outros do mesmo modo, e portanto, a eventualmente tirar conclusões erradas." (...)
"Escreva à minha mãe mandando-lhe minhas lembranças e tranquilizando-a, pois estou muito bem.
Abraço-a ternamente,
Antonio. "
Gramsci estava "muito bem"... preso num local insalubre ! "Bem", porque tinha a "força", o espírito da sua "Filosofia da Praxis" " (como ele chamava, para driblar a censura, o realismo histórico e dialético, a "filosofia da prática"... revolucionária).
Antonio, meu Santo Antonio do Cárcere, seus olhos são alguns dos muitos olhos do Barkfly e eu te abraço agora, querido. Você está sempre comigo, nesse exílio.
Joyce Pires.

Diário de Bordo / 06 março 2008

A bordo do veleiro voador, mais uma vez, regulo o foco para desvendar a atual situação geopolítica na América do Sul. A guerrilha revolucionária, organizada pelas FARC, na Colômbia, está libertando alguns "prisioneiros de guerra ", empresários ou líderes políticos colombianos, e isto vem acontecendo através da mediação do presidente da Venezuela, Hugo Chaves. Esta semana, após a libertação de alguns desses "presos", o presidente da Colômbia promoveu um ataque às FARC, que estavam em território do Equador; ou seja, a Colômbia invadiu o país vizinho... um "Estado soberano". O caso foi parar no Conselho da OEA (Organização dos Estados Americanos), com sede nos EUA (USA)... que repudiou a "invasão", mas não condenou a Colômbia ! O Presidente do Equador está no Brasil, pedindo ajuda... e o Presidente Lula o recebeu. Rafael Corrrea recebeu também apoio da Nicarágua...

Temos aqui uma conjuntura muito especial, em nossa América. As FARC são realmente uma Força Revolucionária, que se mantém com recursos do "tráfico" de coca (coca índia) e do sequestro de cidadãos colombianos e produz uma situação de guerrilha muito específica, no contexto do país de origem. Na verdade, trata-se da venda de folhas (chá) de coca. Na verdade, o povo colombiano tem, como o povo boliviano, na produção de coca, o seu princ ipal meio de sobrevivência. Isto é um fato concreto da realidade colombiana e é tão verdade que podemos ver na TV Brasil, no canal de Integração da NBR, matérias com o produtor explicando como planta a árvore de coca e extrai suas folhas... com detalhes apropriados para uma verdadeira aula. As FARC cobram impostos apenas dos "intermediários"; não cobra imposto do produtor.

O governo burguês (de direita) da Colômbia, se orgulha quando "combate" o "tráfico de drogas"... com a ajuda norte-americana... A verdade é que o governo da Colômbia recebe milhões de dolares para "isso", mas os interesses de Washington são muito mais geopolíticos do que meramente anti-drogas. A presença ostensiva das forças armadas norte-americanas na Colômbia é mais do que suficiente para provar essa realidade. USA e abusa... Farsantes !

Quando Colômbia e EstadosUnidos invadem o Equador, com o argumento de que as FARC estavam ali, naquele local, estão é fustigando o verdadeiro inimigo: a democracia socialista, em processo de desenvolvimento, na América do Sul.

Na atual situação, o processo histórico, é um contexto com vários governos de esquerda, que variam do populismo nacionalista do índio boliviano, passando pela social democracia no Chile e na Argentina (onde duas mulheres estão na Presidência) e claro, o nosso Partido dos Trabalhadores, com o Lula, no Brasil. E a Venezuela, de Hugo Chaves, esse líder-esfinge comunista, possível substituto de Fidel Castro no enfrentamento com o "grande irmão" do norte - não tem o glorioso histórico de Fidel mas tem o petróleo. A Venezuela é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e faz parte da Opep, a organização liderada por Kadafi, o líder socialista doOriente Médio, presidente da Libia e inimigo dos USA.

As FARC são como os sandinistas da Nicarágua, um grupo revolucionário. Esse ataque ao Equador,no qual foi morto o segundo chefe das FARC, Raul Reys, significa, do lado americano, uma estratégia de fustigação, para sinalizar a presença dos USA na América do Sul. Os USA precisam fabricar guerras, para manter o modo de produção capitalista em expansão crescente; isto se chama "globalização". Do lado colombiano, significa que, ao atual presidente da Colômbia, não interessa a negociação com as FARC - porque a mais preciosa prisioneira, a franco-colombiana Ingrid Betancourt, que está em vias de ser libertada, é a sua principal oponente, no processo político do país. Os esforços pela libertação de Ingrid Betancout são feitos não só por Hugo Chaves, mas pela família de Ingrid e pelo próprio presidente da França (que é de direita !). É uma situação muito especial. Há que observarmos também o papel das forças paramilitares, que estão a serviço dos interesses imperialistas.

Imagine se a Colômbia e os USA justificassem uma invasão de um país vizinho porque simplesmente ali se instalassem alguns inimigos, por exemplo, aqui no Brasil... Nós fazemos fronteira com a Colômbia,como o Equador. Aliás, já tivemos problemas com as Farc, que sequestraram alguns brasileiros... Qual é a diferença ?

A diferença é que as FARC controlam parte do território da Colômbia. As Farc lutam há quarenta anos pela libertação do país! A Colômbia é uma nação dividida, com dois governos, um "eleito"... outro, conquistado pela guerrilha socialista - que está constituida, DE FATO, num processo histórico, no seio da uma sociedade ! As FARC são já parte da realidade, da VIDA da sociedade colombiana e sua atuação é ação do povo em armas. Trata-se de um processo revolucionário, com características próprias e legítimas.

O "governo oficial burguês" só o que tem que fazer é reconhecer as FARC como representantes da "classe" que se opõe ao "governo burguês" e aos USA, e negociar a libertação dos reféns. Há que espeitar o trabalho das FARC !

Mas, a libertação de Ingrid Betancourt parece não interessar ao Sr. Alvaro Uribe. Ele deve temer a sua volta... prefere, talvez, que "morta", ela possa ser neutralizada. Engano seu. Se Ingrid vier a falecer nos próximos meses (dizem que ela está muito fraca) sua força só irá crescer e motivar ainda mais a luta de libertação do seu país pela via socialista e revolucionária. Como ocorre agora com Raul Reys.
Se as FARC são a Colombia, ou seja, se parte do território colombiano é governado de fato pelas FARC, nada mais natural do que "fazer fronteira" com o Equador. E este país reconhece o governo das Farc. A Colombia oficial não faz fronteira com o Equador.
Aqui está a verdadeira questão. A região de fronteira é uma imensa área de selva, mata densa, e ao Equador não interessa controlar, ou porque confia no governo das Farc, ou porque não dispõe de forças armadas suficientes para vigiar regiões de fronteira: "é uma área muito porosa", disse o presidente do Equador.
Toda essa discussão em torno da invasão do Equador pela Colombia se ilumina quando compreendemos o uso queWashington vem fazendo da Colombia, como em tempos idos fez de Cuba (na época de Batista): USA e abusa. Fidel libertou Cuba do jugo. Talvez Hugo Chaves não seja um Fidel, mas um tipo de CHE... aquele que sonhava com as FARC, e deu a própria vida, em outra selva.
Joyce Pires .

Nomear o Desejo

São as lutas pelo poder que fazem as repressões sobre o corpo humano e o fabricam. A neurose é a mais-valia, o excedente.
O recalque, em psicanálise, é um processo defensivo próprio das neuroses, através do qual o Ego (o Eu, "das Ich", instância psíquica responsável, segundo Freud, pela mediação dos interesses contraditórios da vida psíquica, entre os imperativos do superego - exigências culturais - e as reivindicações do Id) torna fraca uma representação incompátivel com os seus interesses, privando-a de sua intensidade afetiva, mantendo-a assim inconsciente. O inconsciente é um adjetivo...

O sujeito é marcado pelos fluxos e pelas fixações de seus circuitos pulsionais mas há a possibilidade de se romper com esses destinos e bloqueios. O trabalho terapêutico consiste na desconstrução desse contexto pulsional, relançando o sujeito na sua possibilidade de desejar: nomear o desejo. Isto é uma transgressão. O sujeito em análise ousa romper com o destino, desafia os deuses, para assumir a direção do seu desejo. Pode ser (ou não) bem sucedido. Tragédia e ética:
- É possível influenciar humanamente o próprio destino.
Um mundo criado pelo nosso Desejo. Romper as cisões da sublimação, reunificar ser e vida, recriar a sensibilidade. E compartilhar o pão, o gozo e o prazer de existir.

Joyce Pires.

sábado, 15 de novembro de 2008

" O inconsciente é estruturado como uma linguagem"

(Jacques Lacan)

LOVE LETTER

... " AND DARLING, THEN

I READ AGAIN

RIGHT FROM THE START " .
Vera Silvia Magalhães pertenceu à geração de 68; foi uma militante socialista, ex-guerrilheira, nasceu em 08 fevereiro l948 e faleceu em 04 dezembro 2007. Participou de "Ações revolucionárias, contra a ditadura militar... no sequestro do embaixador americano, junto ao Fernando Gabeira, com quem se casou; foi cruelmente torturada e viveu no exilio durante muitos anos. Ao voltar ao Brasil, continuou sua militância, como professora em favelas do Rio de Janeiro; testemunho vivo da indignidade que vivemos, Vera (Silvinha) resiste, em sua "cadeira de rodas" - paralisia consequente dos choques elétricos, no pau-de-arara do regime...

Diário de Bordo - insights dialéticos / 06 março 2008

Diário de Bordo


à memória da companheira revolucionária
Vera Silvia Magalhães ("Angela")

"'''
'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''

O Câmbio Justo /02 novembro 2008

A manipulação da taxa de câmbio, que regula as trocas entre a moeda nacional e as estrangeiras, é uma prática recorrente que visa, em épocas de crise do capitalismo, como ocorreu em 1929 e agora, em 2008,compensar o setor exportador: quando há uma queda nas exportações, efetua-se uma desvalorização da moeda nacional - assim, os exportadores, mesmo recebendo menor quantidade de moeda estrangeira, são compensados ao trocá-la por moeda nacional. Mas, isto faz com que os produtos importados passem a custar mais... o que onera o consumo da coletividade, que acaba arcando com o ônus da desvalorização. Protegendo exportadores às custas da população e do setor importador, a manipulação do câmbio torna-se uma prática especialmente perversa e ambígua. E foi nesse "mecanismo cambial" que a industrialização teve, no Brasil, a sua mola propulsora. A crise de 29 encontrou o Brasil em plena expansão do processo de "substituição de importações", típico da industrialização brasileira. Com a fuga de grandes capitais estrangeiros, logo aos primeiros sinais da crise, e a consequente queda das exportações, o governo Vargas toma medidas imediatas, amparando a cafeicultura - comprando estoques, em l931 - com isto, evitando o colapso econômico nacional, pois o café era responsável pela parcela dominante da renda total do país. Nesse processo sustentado de "substituição de importações", o setor industrial se expandiu notavelmente,entre 1929 e 1937 - enquantoas exportações caíam 23%, a produção industrial acusou aumento de 50%. A taxa cambial se manteve baixa até o fim da segunda grande guerra imperialista... É nesse contexto que oBrasil entra na exploração do petróleo (1938) e na criação da grande siderurgia, com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A centralização do aparelho de poder é a principal característica do Estado constituído pelo governo Vargas, saído da chamada Revolução de 30 : rompe-se com a organização política descentralizada da República Velha, com seu alto grau de autonomia dos Estados Federados. Criam-se aqui as bases para o planejamento econômico nacional, uma política econômica mais voltada para as questões das relações entre setores econômicos e não mais entre regiões demarcadas politicamente.. O setor industrial foi o grande beneficiário das transformações ocorridas após a crise de 29 e foi assim que pode se criar e se ampliar o nosso mercado interno...
mas,
Qual é o outro lado da questão cambial, o lado do dominador ?
Os USA sempre se sustentaram emprestando e aumentando capitais de outros países para cobrir o deficit interno. A escassez de dolar no mercado eleva o valor da moeda - esta é a dimensão perversa da dominação: os USA se recuperam das crises através do câmbio. O dolar sobeno terceiro mundo, nos países dependentes (ou emergentes...); mas, surpresa !, odolar cai no primeiro mundo: na crise, o valor da moeda norte-americana está caindo frente ao euro.
É o fim da hegemonia norte-americana ?
Vão ter que dividir o poder com a Russia, a China e a União Européia.... e com os países emergentes, como India, Brasil... Será porque o governo Lula soube acumular reservas em dolares, apenas ? ... Na perestroika, o Estado russo compra ações no mercado para reequilibrar a economia: o que é privado torna-se público !

Afinal, vamos promover uma reestruturação do poder, na ONU.
Uma nova regulação do sistema financeiro global é apenas o início do processo. Essa fase final da transição ao socialismo deverá se caracterizar pelo reconhecimento dos Estados Soberanos, por parte dos governos do G7, com a consequente compreensão de que só poderemos avançar na direção da verdadeira democracia, se forem respeitados os dois princípios fundamentais da nova ordem internacional: cooperação e não - intervenção. Isto significa a troca justa.

Joyce Pires.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

EUA (USA) / 22 setembro 2008

Crise financeira nos Estados Unidos da América: o governo norte-americano vai injetar 700 bilhões de dólares na economia... para salvar o que ??
Após a crise no setor imobiliário, com a quebra de dois bancos, que financiavam a compra dos imóveis, agora temos a crise nas bolsas de valores e o efeito dominó nas bolsas européias, asiáticas e latinas... O governo dos USA compraram 85% do Banco Lehman Brothers, ou seja, o banco privado agora seria "público"... A notícia é que os bancos financeiros imobiliários vão se transformar em bancos comerciais: insistem na ciranda financeira irreal, sideral.
O que está realmente ocorrendo ?
O governo dos USA estatizou a grande seguradora AIG... quando o governo quer injetar 700 bi para "acalmar o mercado", certamente vai repassar o prejuízo para a sociedade, através dos impostos, e redistribuir o resto do prejuízo entre os países do terceiro mundo, entre os quais o Brasil. O dolar vai subir...
Amanhã, o Presidente Lula vai discursar na ONU e com certeza irá reclamar contra esse repasse de prejuízos norte-americanos para os países em desenvolvimento. Afinal, a crise não é nossa" .Foram os USA que promoveram guerras pelo mundo a fora, investindo as suas reservas e produzindo um déficit de mais de 3 trilhões de dolares. E foi lá nos USA que o "sistema" financeiro criou essa situação atual de quebra no setor imobiliário. 740 mil proprietários inadimplentes foram despejados de suas casas. Os Democratas querem que o governo ajude essa gente. A crise também é social. A anarquia financeira é a especulação, é especulariva. O FBI vai investigar as quatro empresas financeiras envolvidas...
Nós não podemos pagar por mais esse colapso da economia norte-americana. Os países em desenvolvimento, apesar de inseridos no processo de globalização não podem mais ser penalizados. É preciso impor limites ao ímpeto imperialista. -Basta ! Agora é hora de investir capitais no setor produtivo, na economia real, que gera empregos. Agora é a hora de reformularmos as regras do processo de internacionalização do capital: uma nova ordem internacional, socialista. Os princípios de cooperação e não intervenção são os dois pilares dessa Nova Ordem Internacional Socialista (NOIS).
Chegou a hora de reestruturarmos a globalização. E o local dessa proposta de renovação mundial só pode ser a ONU. A Organização das Nações Unidas será a nossa "Internacional". O caminho para o modo socialista de produção global.
Joyce Pires.

EUA ( USA} / 22 setembro 2008

A Socialização Global / 20 outubro 2008

Na estante virtual da graçadivina vou abrir esse blog e editar meu livro de insights dialéticos. Começando por aqui, nesse texto de 20 de outubro de 2008, uma crônica sobre o processo de internacionalização do socialismo, nome que prefiro dar à "globalização".
Essa crise financeira atual, aparentemente desencadeada pela especulação imobiliária nos USA, é, na verdade, uma propriedade do modo capitalista de produção, em sua última fase, cujos extertores se assemelham aos ruídos de um casino...
Mas, "os expropriadores serão expropriados" !
- Quando ?
- Quando forem apenas alguns poucos... após as múltiplas fusões.

Como bem sabemos, o capital só é capital no sistema produtivo. Na especulação, o capital se degenera e contamina o modo de produção, virose - e a cura chama-se Nova Ordem Internacional Socialista (NOIS). Vamos precisar de uma perestroika da globalização. Será a nossa gloriosa Internacional, cujos acordes já podemos ouvir ali na curva, da História.. Na ONU.
Nós não queremos uma reforma do capitalismo. O que nós queremos é o Socialismo !!
Os bancos não podem ser casinos onde se joga com o dinheiro público. A reprodução ampliada do capital, como bem demonstrou Karl Marx em seu Terceiro Livro do Capital - O Processo Global de Produção Capitalista - precisa de regulamentação. Isto significa a transição da sociedade política para a sociedade regulada; como nos disse Antonio Gramsci: o "advento da sociedade regulada". Isto é Planejamento Global.

Marx, livro 3, vol.5, pag.536: "Constituir capital fictício chama-se capitalizar."
O valor de mercado dos títulos ("ações de uma empresa pública ou privada") é sempre o rendimento capitalizado, isto é, o rendimento calculado sobre um capital ilusório de acordo com a taxa de juro vigente.
Em tempos de crise, esses títulos sofrem dupla baixa: o juro sobe e eles são lançados em massa no mercado para serem convertidos em dinheiro. "A depreciação deles na crise atua poderosamente no sentido de centralizar a riqueza financeira."
Isto se chama desenvolvimento sustentável... Trata-se de guiar esse desenvolvimento.
Nós desejamos algo mais: a socialização das relações de produção e dos meios. Não é suficiente respeitarmos o meio ambiente. É preciso e urgente que a Mais Valia seja socializada. - UNI-VOS !

Joyce Pires

ISKRA / 07 novembro 2008

- A terra aos camponeses
- A paz imediata
- A nacionalização dos bancos e das grandes empresas !

Os ecos da grande revolução de outubro ainda são ouvidos... porque a primeira revolução socialista vitoriosa, bolchevique, ainda está em curso!
A História não acabou. A Perestroika alavancou, a partir de l986, o processo de interatividade entre os modos de produção existentes no mundo, os dois modos de produção dominantes: o capitalista e o socialista. Esses dois sistemas, interagindo, chegam agora ao estágio de superação... do anterior, já decadente, a ponto de se transformar, dando lugar ao desenvolvimento completo das forças produtivas e possibilitando a socialização dos meios de produção.
A revolução verdadeira está em curso e o poder mundial será compartilhado: a re4volução socialista global, a nossa Internacional.
Avante, camaradas: UNI-VOS ! A Centelha cintila: ISKRA.
Os de cima não conseguem mais governar como antes e os de baixo não conseguem mais viver como antes. A crise está colocada.

Joyce Pires.

O que Nietzsche não sabia / ll novembro 2008

- O rompimento entre o artista Wagner e o filósofo Nietzsche ocorreu quando Nietzsche rompe com o idealismo ?
Ambos estavam convencidos de que a força transformadora da arte grega poderia romper a inércia acadêmica que envolvia a estética do século XIX, especialmente a "época trágica dos gregos". Nietzsche contrapõe a concepção trágica à concepção teórica do mundo.
Ambos querem desvincular a arte de uma concepção de passatempo e diversão, o que hoje nós entendemos por "entretenimento"...
No prefácio do Nascimento da Tragédia, Nietzsche diz que concebe tanta importância aos problemas estéticos porque considera a arte como a atividade essencialmente metafísica do homem, e nisso afirma acompanhar fielmente o pensamento de Wagner, a quem dedica esse trabalho. Podemos ver aqui, então, que Nietzsche compartilha os temas preferidos de Wagner e de Schopenhauer e até mesmo os de Hegel: a arte como realização do espírito. Apesar de haver rejeitado essa concepção depois, as noções levantadas por ele em O Nascimento da Tragédia são apropriadas à uma nova leitura, sob uma ótica não-idealista, e até como a mais radical oposição ao idealismo.
Sua estratégia de renovação cultural inclui o que chama "concepção trágica" ou de justificação estética do mundo. Ele afirma (1871) que as miragens são meios de conhecimento e que o objetivo do conhecimento é também um objetivo estético. Essas miragens são imagens significativas, são hipóteses. Em 1886, ele dirá que ali está falando alguém que "sabe" - sabedoria que é iniciação, "mistério". Refere-se das mistérios gregos... Mistérios de Eleusis ?
Ele quer ousar e essa ousadia significa "pensar os gregos" como estratégia original. Assim inaugura a sua filosofia.
Para se viver é preciso inventar ilusões, máscaras, visões, vestes, para tornar a existência acessível, representável. Ele entendeu que os gregos travestiram o mundo para suportarem viver. As festas, a beleza, os cultos, eram uma forma de lidar com o lado terrível da vida, com a crueldade e os mistérios da existência, com o sofrimento. A arte era uma estratégia que tornava a vida possível e desejável. A abordagem de Nietzsche não é apenas uma questão filológica mas filosófica, colocada para toda a época civilizatória. É uma questão da Humanidade.
A estratégia perspectivista e interpretativa de Nietzsche inclui tanto a evolução da arte grega como os estudos dosfilósofos da "época trágica". A filosofia tem importância não só pelo que um sistema pode significar mas pelo que revela da qualidade artística, estilo de vida e de interpretação de
mundo. Ele se pergunta até que ponto a filosofia pode ser considerada uma obra de arte, compara arte e ciência, relacionando a expressão conceitual com a arte e com a vida. O valor da filosofia reside na esfera da vida e não apenas na do conhecimento. A filosofia está a serviço da criação de um estilo de existência superior. Tragédia, música, filosofia, arte e mito teriam sido praticados na Grécia para fortalecer a vida dos gregos. O que caracteriza Nietzsche é justamente a proposta de se pensar a filosofia por uma perspectiva estética e isto é o que o diferencia na história do pensamento ocidental.
Para ele, Dioniso será um filósofo, e não apenas o Deus da metamorfose e do Teatro.
A filosofia é uma transmutação de valores, é atividade criadora, arte de criar estilos; como atividade estética, atribui valores e novas possibilidades de vida, uma proposta de futuro. Mas, como renovar a vida pensando ??
- Aqui, é preciso ressaltar que o contrário da metafísica é a dialética; para que não se confunda e se continue acreditando que o contrário da metafísica é o materialismo... Presta atenção: o contrário do realismo ("Materialismo") é o idealismo. Realismo e dialética é que são os motores da verdadeira transformação. E isto Nietzsche não sabia.

Joyce Pires.

ISKRA / 07 novembro 2008

- A terra aos camponeses

- A paz imediata

- A nacionalização dos bancos e das grandes empresas !

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ISKRA / 07 novembro 2008

A terra aos camponeses

A paz imediata

A nacionalização dos bancos e das grandes empresas !

ISKRA / 07 novembro 2008

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um Hussein no poder ?

O capitalismo é um modo de produção que visa sistematicamente a acumulação incessante de capital - é fundamental então que capitalistas produzam lucros sempre maiores: o capital para existir precisa estar sempre se expandindo, enquanto sistema.
Para tal, precisam de um tipo de mercado, o mercado livre, e um tipo de Estado, soberano, que possibilite acumular capital, de duas formas: possibilitar altos níveis de lucro e ajudar os capitalistas a terem vantagens sobre outros. O sistema de Estados resolve a contradição entre os capitalistas (compradores e vendedores) restringindo o grau de liberdade de mercados através de "quase monopólios" (sistema de patentes, que transforma processos de produção em propriedade privada: por exemplo, a Microsoft). Os Estados também restringem o acesso aos seus próprios mercados a produtores de outros Estados soberanos: subsídios, tarifas, alíquotas. Essas medidas protecionistas só são legítimas quando o Estado capitalista interessado as impõe. A relação entre Estados se dá no âmbito de organizações como a OMC (Organização Mundial do Comércio), onde Estados mais fortes se impõem sobre os mais fracos, obtendo vantagens não mercadológicas sobre os produtores dos Estados mais fracos. Os Estados tb. podem reagrupar atividades de tipo central (monopólios), limitar o fluxo livre de mão-de-obra, criar condições políticas internas... enfim, o sistema opera regulando o sistema de livrre mercado... Portanto, os Estados são essenciais para produzir lucros significativos no sistema capitalista. E a hegemonia de um Estado envolve simultaneamente domínio econômico, político, militar e cultural, legitimando um modelo determinado de Ordem Mundial, garantido pela potência hegemônica.
Os USA alcançaram hegemonia ao sairem da segunda grande guerra imperialista praticamente intatos. Foi a única potência industrial não afetada diretamente pela guerra, em seu próprio território. The audacity of hope...
A decadência dos USA culminou agora, com a eleição de um Hussein à presidência da república, estranhamente um Democrata, chamado Obama (Osama...) Hussein (Saddam...): BARAK ... C.
É, estamos pra lá de Bagdá: os USA se meteram realmente com os mulçumanos e isto não é apenas uma retórica de significantes arábicos.
! Trata-se de uma sincronicidade com significação. Não estamos falando de signos mas de sentido: Nostradamus.
- A África não é mesmo o berço da Humanidade ?!
O poder será compartilhado...