segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Paravocê

Para você
criei o espaço
da música e da leitura
um canto de luz
e suavidade

e deixei a espera
guardando o portal
com o selo do Dharma.


então

sente-se em padmásana
e cante o mantra

OM VAJRASAMBHAVA SIDDHI HUNG.

e medite. sempre.
Buda Vajrasambhava.

domingo, 21 de dezembro de 2008


OLHOS E OUVIDOS (13 dez.2008)

- Não é mesmo incrível saber que temos total controle dos olhos e nenhum dos ouvidos ?!
Porque podemos fechar os olhos ou direcionar o olhar para outra parte... mas, os ouvidos, estes não há como fechar ou redirecionar. Os sons são percebidos, mesmo contra a nossa vontade - eles se impõem. Esse é um fato natural com consequências variadas, filosóficas, psicológicas e mesmo sociais. Meditemos.

(Buda Vajrasambhava)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Junguiana

A consciência é um órgão de orientação num mundo de fatos exteriores e interiores. Ela constata que algo existe, através da sensação, a faculdade de percepção, em geral.
Uma outra faculdade interpreta o que foi percebido - é o pensamento - que assimila o objeto da percepção e o transforma em conteúdos psíquicos.
Uma terceira faculdade tem a função de constatar o valor do objeto - é a função sentimento. A reação de prazer e desprazer do sentimento corresponde ao máximo grau de subjetividade do objeto. O sentimento coloca sujeito e objeto em íntima relação, tanto que o sujeito deve escolher entre a aceitação e a recusa.
A quarta faculdade da consciência, aquela que torna possível a dimensão espaço-tempo , é a intuição. É uma função da percepção que compreende o subliminar, isto é, a relação possível com objetos que não aparecem no campo da visão, e as mudanças possíveis, no passado ou no futuro, a respeito das quais o objeto nada nos diz... É uma percepção imediata, um insight, que jorra da esfera inconsciente, análoga ao instinto, mas especialmente teleológica; uma apreensão maravilhosamente espontânea. - A serpente cheia de olhos brilhantes ?
- Condições sociais, políticas e religiosas afetam o inconsciente coletivo e todos os fatores reprimidos na vida de um povo pela concepção do mundo( ou atitudes) predominante se reúnem aos poucos.. no inconsciente coletivo, ativando seus conteúdos. Um ou mais indivíduos dotados de intuição poderosa tomam consciência de tais mudanças ocorridas nesse inconsciente coletivo e as traduzem em idéias comunicáveis. Estas idéias se propagam rapidamente quando ocorreram também mudanças semelhantes no ambiente... senão elas são inaceitáveis para a antiga atitude.
Se a ativação do inconsciente coletivo é consequência do desmoronamento das expectativas da vida, há o perigo de o inconsciente tomar o lugar da realidade. O estado mental do povo como um todo poderia então ser comparado a uma psicose.
Sabemos que existem na alma processos de transformação condicionados espiritualmente e que estão, por exemplo, na base das iniciações dos povos primitivos ou dos estados psíquicos induzidos pela prática do Yoga.
Essas intuições são como céu estrelado
estrelas refletidas na água escura
areia dourada espalhada sobre a terra negra
uma festa noturna sobre o mar
globos luminosos, esferas douradas
Um olho solitário nas profundezas da terra ou no ar.

(Buda Vajrasambhava)



Arianrhod, AryaTara, Ariadne , MaAria (jan.2003) *

Arianrhod, grande mãe celta, virgem
deusa do amor, da lua, da realização e do tempo
Roda de Prata das Estrelas, clara melodia
deusa estrela do céu e da reencarnação
Fio Psíquico, vive na Aurora Boreal (Caer Arianrhod)

AryaTara, a salvadora veloz, Tara Vermelha
mantra e raio, Buddha, fonte, clareza e compaixão
grande mãe indiana e tibetana
Estrela de Prata, Lua de Sabedoria (Ieshe Daua)
dakini, yidam, a essência que realiza desejos
Om Tare Tam SoHa - Dama da fala iluminada:padma

MaAria ressonância do espaço desperto atemporal

Ariadne, grande mãe cretensse
Senhora do labirinto, Dama da Montanha
Rainha do som e do êxtase
Grande deusa da individuação no coletivo
Dona do Fio Luminescente, Coroa Boreal
mel e vinho
Estrela cintilante, atman, biós
Fogo de Prata
Minha lysios DiAmante: salta
jorra e dança !

A Oitava Dança
pa si te oi me ri
da pu ri to jo po ti ni ja me ri

Para todos os deuses, mel...
para a Senhora de Labirinto, mel.
(na mesma proporção !)

Ma aria, mar de luz natural.

(Buda Vajrasambhava , do livro
A Oitava Dança, 2003)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Eu quero a luz que vem de dentro" (29 ago 00)






Enquanto Vincent
o holandes van gogh





traçava suas impressões expressionistas



cada vez mais afastado da realidade



do mundo



no mundo, a Inglaterra ocupava a África do Sul



(e o Egito), que antes era da Holanda..



a Itália invadia a Eritréia



a Bélgica, o Congo



a França, a Indochina (Vietnã), Madagascar



a Alemanha, África e ilhas oceânicas...



a Rússia dos czares investia contra as fronteiras da China



e o Brasil abolia a escravidão dos negros.



Bell inventava o telefone, horas antes de Elisha Gray



Otto, o primeiro motor a explosão



Edison, o microfone e o fonógrafo



e a lâmpada incandescente -



que já se via, iluminando Nova York.



Kock combate a tuberculose



Pasteur desenvolve a vacina anti-rábica



Maxim inventa a metralhadora... em Berna



institui-se o Bureau Internacional da Paz.



Vincent deformava a realidade objetiva:



era 1890, em Auvers...



ele pinta seus últimos quadros -



os trigais são ondas exaltadas



os ciprestes tensos e angustiados



a natureza se expressa



pela quantidade de tinta; é densa...



sua pintura tem volume,



a cor é a substância do objeto:



quanto mais cor, mais luz !



Emoção na forma,



intermediário da manifestação.



Overdose afetiva - palpabilidade:



muitos carecimentos...



Em Paris, já se discutia O Capital, de Karl Marx



e Assim falou Zaratustra, de Nietzsche;



o público aplaudia o russo Rimski-korsakov,



o austríaco Brahms e o francês Bizet;



liam Kipling, mais do que na Inglaterra...



D'Annunzio, mais do que na Itália...



Dostoievsky, mais do que na Rússia.



A riqueza da Europa pode ser vista em Paris



em Exposições de Arte e na Torre Eiffel.



Vincente sai para o campo de trigo dourado



com um revólver na mão;



o céu está azul. É domingo.



Corvos negros alçam vôo



como ele pintara dias antes.



Morre dois dias depois, em 29 de julho



segurando a mão do irmão Theo



logo depois de dizer:



"A miséria não tem fim".



Os jornais deram a notícia na seção policial:



não registraram a morte de Van Gogh



um dos precursores da arte moderna



o pintor dos quadros mais caros do mundo



só vistos em museus famosos



e nas paredes de gente muito rica.



Seus quadros atualmente valem fortunas.



No dia da sua morte, no sótão da Galeria Goupil,



700 quadros de Van Gogh amontoavam-se



sem comprador. Vincent libertou a cor...



Seus últimos anos de vida foram mantidos pelo irmão,



as tintas, as telas...e o médico, Dr.Gachet.



A sociedade às vezes sabe encontrar a maneira



adequada de matar um artista revolucionário,



por algum tempo...






(do Lieberdade by joyce pires)

SOMOS UM EQUILÍBRIO MUITO DELICADO.

(Buda Vajrasambhava)

FALO (Vajra) (31 jul.96-Tântricos Poemas)

Minha caneta
é um falo úmido
de tinta
com que desenho
as sementes
que um dia libertarão
os frutos da tua imagem.

(letra da música 09, em 11 fev.98
no GraçaDivina,by joyce pires)

Quem são ? (23 jan 2000)

Quem são essas pessoas, meu deus
quem são essas pessoas ?
que pra alimentar as cidades
saem de casa na madrugada
e andam nas estradas das cabras
onde os carros se acabam...
em direção ao Ceasa
Quem são essas pessoas, meu deus ?
quem são essas pessoas, de pés no chão
que trabalham na noite, e de dia
e se esforçam ao sol
e na chuva ou no frio
e caminham nessa estrada das águas de março...
Quem são essas pessoas ? Quem são ?

(letra da música 183, em 23 jan 00
do Hathanoir, by joyce pires)

Imaginação ativa ( 14 jan 2000)

Fui até lá
e abracei seu corpo com a minha mente
e a trouxe para mim
e nossos lábios se tocaram
e nossas línguas se uniram e contaram
todas as histórias e cantaram todos os poemas
de amor, da humanidade.
E nós nos entendemos e fomos um.
Depois, levei seu corpo de volta
soltei-o no espaço
e faces humanas perdidas
se encontraram no azul.
A verdade libertou a chama
e a casa se encheu de sabedoria
e a arte se espraiou por todos os cantos.

Acima de todas as coisas
minha mente em harmonia
sutil, livre e vazia pairou
através do amor.
Com devoção, meu coração reuniu, recriou
a imaginação informou
e todas as fontes se abriram
Jorrou alegria dos cântaros
jorrou alegria dos cântaros
jorrou alegria !

(letra da música 181, em 19 jan 00
do Hathanoir, by joyce pires)

Nosso Amor (6 julho 99)

Por toda a minha vida a fora
eu procurei um amor assim
e olha, justamente agora
fui encontrar você em mim

E dessa forma tão estranha
em meio a um lugar sem fim
com tanta gente a nossa volta
como chegar ao ponto enfim ?

Que realize a união
que abra o coração
que complemente a vida
e faça o nosso amor feliz
permita o nosso amor aqui
e possa o nosso amor servir
pra melhorar esse país
pra libertar nosso país.

(letra da música 135 do Hathanoir
e da música em 10 abril 2001 do
ComPaixão by joyce pires)

Sábias sabiás (29 out.99)

Agora, quando os beijos reflorescem
onde sopra o vento norte
que trás as nuvens de fumaça
vagas na manhã que acordou azul
Na manhã que prometia o azul
caminhas onde sopra o vento fêmea
por entre a bruma cinza
que amaciou o céu
Onde canta a voz dos ares
estremece de frio as folhas
do eucalipto:
- Sou tua e somente tua...
que nem eu me aguento.
Na manhã clara e azul soprou o vento
vindo do norte, Ela, vaga
por dentro, sobre a casa, em volta
nem tanto azul ficou o céu...
E num sussurro dizia :
- Estou tão apaixonada
que nem eu me aguento.
Agora, que os beijos reflorescem
carmim, rosa, lilás, cantam negras sabiás:
que o canto é mais doce.

(letra da música 153, em 24 nov.99
do Hathanoir, by joyce pires)

Oração de Primavera II (28 out.99)

Te quero mesmo assim, minha linda
como és
criança despida brincando
de meditar nos galhos das árvores
senhora dos raios, dos ventos e dos mares
ninfa das fontes, deusa dos rios
lua das marés, Marias
Te quero exatamente como és, assim
minha mulher
andrógino ser
uma outra de mim
Te quis no início e no fim
da estrada, no palco e na cama
e mesmo quando ainda não sabia
já te queria, inteira.
Te quero minha rainha: verde colibri
na luz avermelhando a tarde
que filtra os arbustos de beijos.
Te quero nas sombras, anoitecendo
entre meus abraços,
quando a lua acolhe os ramos do sol
e estende seu manto azulado : tanto.

(letra da música 151, em 10 nov.99
do Hathanoir, by joyce pires.)

Toque de Atriz (22 ago.99)

Ah, minha doce amada
ontem, mais leve e integrada
brilhou com seu brilho raro
da verdade do palco...
Depois, despida da atriz
em meio ao esquema da autoridade
me olhou entre os olhos:
- O que eu posso fazer ? (Fiz...)
Pensei, mas não disse; nos olhos:
"me envolver" e "toquei" sua mão:
- Você interagiu comigo
naquele dia... fala comigo ?
Concordando com o movimento
de cabeça e olhos baixos -
ele me pediu para sentar
e esperar... sorria ("Falo").
Mas, depois, fugiu novamente
em meio ao esquema autoritário
da segurança envolvente.
Ah minha doce amada.

(letra da música 169, em 20 dez.99
do Hathanoir, by joyce pires)

"Cheguei" ( 7 nov.99)

Quem dera pudesse eu despertar
novamente em você
tais sentimentos...
Fazer com que você tenha essa vontade
de me trazer conchinhas do mar,
estrelas do céu e peixinhos...
pra me agradar ?
Esse desejo de ser porto
se acaso eu quiser ancorar
- Você é ar, é terra e mar
minha enseada.
Ah mulher amada
quisera eu acreditar
no que aqueles olhos me disseram
e que toda essa história
é verdadeira e não apenas uma brincadeira.
Quando o mar tem mais segredos
é quando é cal-maria...
Teu silêncio, doce amada
é um fogo ardendo
na manhã desejada
(na manhã esperada,
na manhã sagrada)

(Letra da música 149, em 8 nov.99
by joyce pires - do Hathanoir)

Suave (18 set.99)

Suave
o vento no lago outonal
o sol na água abissal
o fio brilhante do raio
no topo da montanha:
a correta ação.
O céu encontra a terra.
Acolhe humana mão
a semente dourada.
Logo brota a Flor.

(letra da música 158,em 3 dez 99
by joyce pires - do Hathanoir)

No Azul dos seus olhos (27 fevereiro 2000)

Quando me vejo assim
nesses seus olhos de corça
assustada
nesses seus olhos de garça
esses azuis dos seus olhos
de cabra amarela
na noite...
raio azul !, raia o dia,
Maria.
Quando me vejo assim
nesses olhos serenos
da bruma do mar,
esse olhar, às vezes
breve, ou triste... profano
ou profundo
oceano:
- Mergulho !
No azul da face
suave
fonte
doçura e força :
- Canto !
e meus olhos descem,
deslizo no desenho
do nariz ereto,
e no traço reto
dos lábios delicados
me satisfaço
entre os rígidos seios
de vestal bem amada:
-Espanto.... os in setos !

(letra da música 191, em 28 fev.00
by joyce pires , do Hathanoir.)

Deep Song ( 31 jul 98)

Tudo é somente imagem
desperto
meu corpo diAmante
nas folhas de prata
do grande Eucalipto -
o pássaro marrom se fez no ar
asas brilhantes no azul
em direção ao sol.
Vazia soulove
minha natureza
mãe de todas as causas
liberta semente
minha língua vermelha
chama luminescente
nascente estrela
somente so ha esse hóspede
onadeepbluesea
in my heart
mahat

om tare tam so ha
om tare tam so ha
vajravina ilumina.

(letra da música 44 em 31 jul.98
by joyce pires - do GraçaDivina)

O Yoga de Vygotsky

Lev Semenovich Vygotsky foi um pesquisador russo (1896-1934)... que compreendeu os múltiplos processos que articulam o pensamento e a linguagem, especialmente os aspectos afetivos-volitivos na criação do sentido. "A linguagem é a encarnação do pensamento".
As funções psicológicas superiores são construídas durante a história social humana. Na nossa relação com o mundo, mediada por símbolos desenvolvidos culturalmente, nós criamos as formas de ação e inserção no mundo. O acesso é mediado pelos conteúdos mentais de natureza simbólica. A linguagem é o sistema simbólico fundamental na mediação entre sujeito e objeto do conhecimento.
Na formação de conceitos, a palavra é o signo mediador, que forma o conceito e depois torna-se o seu símbolo.
O pensamento tem sua origem na esfera da motivação, que inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção - esta é a base afetivo-volitiva do pensamento humano.
Para Vygotsky, o sábio russo, a consciência humana se relaciona com a mais alta forma de orientação no mundo e com a regulamentação do comportamento e formou-se durante a história social e cultural da humanidade. Vygotsky distingue significado e sentido: o significado se refere ao sistema de relações objetivas que se formou no processo de desenvolvimento da palavra, núcleo estável de compreensão da palavra, que pode ser compartilhado. O sentido refere-se ao significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivências afetivas do indivíduo. Assim,
a linguagem requer interpretação com base em fatores linguísticos e extralinguísticos. Para compreender a fala de alguém não basta entender as suas palavras - temos que compreender o seu pensamento e conhecer suas motivações. Ele falava do sub-texto. No próprio significado encontra-se uma concretização de sua perspectiva integradora dos aspectos cognitivos e afetivos do ser humano.
"Quando consideramos um ato de pensamento relativo à resolução de uma tarefa de importância vital para a personalidade, torna-se claro que as conexões entre o pensamento realista e as emoções são frequentemente muito mais profundas, fortes, impulsionadoras e mais significativas do que as conexões entre as emoções e o devaneio". Vygotsky falava aqui do pensamento do revolucionário ao contemplar ou estudar uma situação política complexa. Vygotsky, profissão: bodisatva.

Joyce Pires.

O AMOR (17 agosto 98)

Como o lotus,que expande raízes na lama
e dela se alimenta,
produzindo flores divinas,
frágeis flores de puro perfume
com poderes de cura,
Também nesse úmido chão,
"elevada mãe", firmo meus pés
no fundo do poço
para o supremo impulso
em direção ao céu:
As músicas são essas flores
a poesia, o perfume
que brotam do lotus do meu coração.

Letra da música 113, em 28 nov.98
do livro GraçaDivina,by joyce pires)

domingo, 7 de dezembro de 2008

O Abraço (MahaMudra ) *

Acordei de repente, com um sol na cabeça
a luz era muito clara e brilhante
E alguém dizia o meu nome
uma voz jovem e doce
mas não sei dizer de quem...
Logo percebi que amanhecia:
escutei os primeiros pássaros:
o bem-te-vi, a sabiá (preta)
a cambaxirra.... e a
pequena cuíca,andando no piso do sótão.
E pensei, ainda em êxtase
que é bom viver assim, realizada
E como é tão bom poder abraçar
alguém que a gente ama
um corpo conhecido, íntimo
que se reconhece pelo tato
que o nosso corpo reconhece, na região
do peito, no fundo dos braços:
o jeito, a forma, o calor, a pressão,
o amor, a paixão... e o cheiro.
Ah, como é assim tão bom... Imagina.
Levantei, abri a porta da sala
e ali, na varanda e no jardim
lá estavam elas
as flores azuis
dos agapantos, das hortências
e de minhas violetas siderais
"for your furs" .
(ou "Para os seus carnavais."
pode substituir o verso em
inglês... se preferir cantar
assim, em português)
*Letra e música 116,em 01 dez.98
by joyce pires. Do Tântricos e outros
cânticos.

BARKFLY (7 dez.98)

Na crista da onda: velejando
me sentei na varanda, atrás da casa, pra almoçar
e seus olhos estão por toda parte
cada flor de beijo me olha, serena
com seus olhos de águia, tão ternos
Eles estão na oncidium, profundos
na orquídea marrom e amarela
no galho da pereira, e me olham com carinho
nas folhas da avenca, cúmplices
nos vasos da escada
na casca do eucalipto, de camurça.
No azul dos agapantos, no alto da colina.
Estão no canto de primavera dos sapos, felinos
Seus olhos estão por toda parte
no córrego batendo nas pedras, íntimos
estão no sabor dos alimentos
na luz das estrelas, no arco-íris
na alma das folhas...
A substância de que ela é feita: pura luz.
Seus olhos de águia vêem longe
são feitos do éter azul do silêncio
do som... outsiders.
O sonho é uma linguagem: imagem do amor.

(letra da música 118 , em 8 dez.98
do livro Tântricos e outros cânticos
by joyce pires)

Oração de Primavera (27 outubro 1998)

Você, que costuma vir com a chuva
Mulher das águas
você, que traz a chuva
Rainha dos oceanos
ninfa das fontes
deusa dos rios
lua das marés
Marias
casa de Deus
divina sereia encantadora
É pra você esse meu canto, esse pedido :
me salva, me grava em teu peito,
liberta esse trovador contido e encantado
porque sem tua voz seguirei assim perdido de amor
perdido, sem amor
Só através de você, poderei ser a ponte
para libertar meu grande amor.
Preserva Perséfone persevera primavera
porque a perseverança é a perfeição
no coração humano.

(letra da música 86,em 27 out.98
do livro Tântricos e outros cânticos
by joyce pires)

Liebreto (Libreto liberto -6 out.98) a Wira Wowk *

Ouça-me.
Quero que me ouçam ou que me leiam
enquanto ainda me encontro viva:
porque meu livro é um libre vivo !
Depois, será que poderei saber...
afinal, serviu pra alguma coisa ?
tanta criatividade tântrica.
Librar ! Teia.
No entanto, não importa que eu saiba
agora... o espírito vaga adiante de seu tempo
e é por isso mesmo libertário:
vã guarda ? - Avant, que a hora é certa.
Não importa que eu saiba ?
- Se houver alguém ainda que me possa ouvir
saber por mim
Ou será que não escutam porque me insisto em falar
ou porque talvez eu fale baixo
Se fecham ou fecham as portas do sentimento ?
Janelas de solidão.
E suas casas não tem lareira.
O espírito vaga
e vagamos todos por essa estepe infinita
desertos de entendimento
nordeste de incompaixão
vidas secas
in gratos ramos gracilianos
Não há oásis por aqui ? - melas
Mas paredes frias de perdidas brancuras
porões de aprisionamentos humanos
dentro da noite
Nascemos todos santos
gracilianamente lúcidos límpidos
melatoninos lentos
talvez, não tão despertos assim como
o Fernando
e todas aquelas suas pessimistas personas.

Ah minha mãe, luz incriada
me traga sempre em teu colo aconchegada
enquanto precisar do Não
Junta emteu seio
os Lorca e Neruda
e suas ilhas
e um sonho.
Que a diversidade não é adversidade
mas igualdade.
- Vira El Wira !
Me acorde sempre assim
quando me falta o ar
e os pulmões já desaprendem
que preciso ainda respirar (terei brânquias ?)
por pouco tempo
Rimbaudianamente
Me acorde, em meu aprendizado
fotossintético
reproduzindo algum novo
oxigênio prânico
orgânico árico dravídico
céltico pineálico
nas santas areias solitárias
de minhas praias cardíacas.
Curas... anti HIVs
Íons liquóricos luminescentes
asas azuladas, olhos de águia.
Sopro suspenso ! Fonte suprema.
Minha língua vermelha
fala um idioma antigo
quase perdido
na fonologia do tempo.
- Ciclones. Incêndios. Terremotos.Inundações ?
Aladas palavras violetas
Iluminações. Serenidade.

(Ler ao som do Estudo, opus 25, de Chopin)
-* para Wira Wowk (Wira Selanski)
do livro Tântricos e outros cânticos.

JoyAnanda (21 maio 97)

Sou a filha espiritual de Hermes e Afrodite
Yoga entre folhagens úmidas, rios, fontes
Única, una, muitas
Nasci da paixão de uma ninfa
por um jovem deus grego
de rara beleza
e fiquei assim: alada.
Celta, pela manhã, camponês, artesã
produzo leite, sacerdotiza de cabras.
Ao meio-dia contemplo, medito
à tarde: alquimista, arqueiro
mergulho na pesquisa.
De noite: druida, sábio, vate, poeta.

O mito, explicação das origens, vive indefinidamente
na memória humana. Não necessita da escrita
está inscrito nas linhas da pele.
O homem que compreende está livre
da história e dos homens...
- Isis? Uma espécia em extinção ?
Um tipo de Demeter-Shiva
esfinge, dragão. Ananda Gay !

(letra no Tântrico e outros cânticos,
da música 89,em 10 nov.98 by
joyce pires)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


h A T h A N O i R ( * )

SE (SI... see)

Se um dia você vier pra mim
vai ser assim
simplesmente assim, música e amor e poesia.
E nós duas saberemos afinal
porque nos encontramos assim
simplesmente assim:
música e amor e poesia.

(letra em 13 e 14 março de 99
música 131, em 13 mar 99)
* Hathanoir é um livro de poemas alquímicos
by joyce pires - tantra poesia, 1999.

o luar clareava a estrada







ARYATARA (A ESTRELA)

O luar clareava a estrada
eu descia o caminho úmido sem sombras
com a certeza de estar em casa.
Fome de amor, vampiro que te consome
o manas, o sangue - dor.
E andas pelas ruas, perdido nessa busca inútil
porque o amor já está em ti
querido, amigo.

(Deméter) De volta ao exílio
condenada a viver comigo mesma
por absoluta falta de parceria
desterro de afinidades
solidão de cumplicidades, eterno inverno.
(Perséfone) Antecipando a primavera
leve e saltitante, enfim ela veio !
Criança linda, trazendo consigo
o sopro da Vida !

E o novo ser, seguindo o fio de prata
saiu de dentro da lua e viu um estranho diante de si
mas, sua mãe lhe disse: não tenha medo, querido
é parte de mim. Vem e seja feliz.

O luar clareava a estrada
eu descia o caminho úmido sem sombras
com a certeza de estar em casa.

(letra no Tântrico e outros cânticos, da
música 90, em 10 novembro 1998
by joyce pires
dedicada ao Sergio Guida e Beth Nicolau;
para Maria Bethânia cantar...)

L I E B (13 fev.2000)

Seu nome é Mar
o meu, Felicidade
Ela mora no Joá
eu moro nas Salinas
Vivemos uma na outra:
eu, em seu sabor
ela, em minha sabedoria.
O sal é minha Lieberdade.
Eu sou sua Alegria.

(letra no livro hAThANOiR ,da música 188,em 23 fev.00
by joyce pires)

TOCANDO A TERRA (02 maio 2001)

- O ser humano está enlouquecendo ?
- É a impressão que se tem, quando ligamos a televisão... - Ela está "aberta" !, e os seres humanos que trabalham nela parecem já não saber o que fazer para manter a governabilidade. - Será que o aparelho de Estado dominante não poderá dar conta do caos planetário ? - Vamos viver com o sol !
A mente explícita.
Aqui, no ocidente civilizado, o problema principal é com a ética: perderam a delicadeza - isto é um valor, essencial. A TERRA não é respeitada como deve ser respeitada alguma coisa sagrada. Sim, a Terra é sagrada: nossa Terra, nosso planeta, nosso lugar no tempo e no espaço. Ela, que a Vida escolheu para existir; Ela, que levou tantos bilhões de anos para ser o local da Vida - e neste sentido, é a própria vida ! ; não é mesmo ? -- E o que estão fazendo os seres humanos ? - Tentando destrui-la ! ... Não encontram a maneira correta de produzir subsistência. O modo de produção, que acumula riquezas em vão, nas mãos de uma minoria de privilegiados, transformando em miseráveis a grande maioria das populações que trabalham ou que são marginalizadas, é também o modo de produção que explora a Natureza, devastando e arrasando com a Terra e seus seres, árvores e bichos. Falta aqui a noção do sagrado. O ocidente capitalista perdeu o ELO com sua verdadeira natureza e, claro, com a verdadeira natureza da realidade. A Terra é uma deusa e é preciso cultua-la ! Seu culto é uma religião, uma reunião e nossa proteção. Ecologia.
(...)
Já vou adiantando aqui: se é para termos uma nova fonte energética, além da que já possuimos (água), só mesmo se for a energia solar. Energia nuclear, não ! O que nós queremos é ecologia e paz.
- Quando a população trabalhadora do Planeta Terra se der conta de sua própria força, e todos juntos, formos para as ruas, de todas as cidades, em todos os países, em todos os sites da internet... todos unidos, numa única voz, clamando pelo desarmamento completo e pela paz e por formas alternativas de administração pública; quando, todos juntos, formos capazes de chamar os respectivos governantes e exigir atitudes coerentes com os nossos verdadeiros carecimentos; quando, cada um dos seres humanos desse planeta, se encontrar, nesse momento histórico, em plena rua pública, e todos juntos proclamarmos a nossa Libertação - então, existirá salvação para o Planeta.
Olhem nossas florestas. Veja os animais e os pássaros. Sinta a vida vibrando em cada árvore. Você está sentindo o perfume dessa flor ? E agora, ouve o vento cantando entre os ramos ? - Você pode perceber a existência dessa infinidade de seres que habitam nossas biotas ? Toda a diversidade da mata ? - Veja: isto é a liberdade. E nós, os seres humanos, somos uma parte dessa natureza. Nós somos os seres mais conscientes e, portanto, os mais responsáveis por tudo isso. Por que podemos destruir com tudo ? - Não !; porque somos uma pequena parte de toda essa grande vida. Preserve a água e respire prana:
- Sente-se em padmasana e cante um mantra. Mudra da Meditação. Suavemente. OM.

(Joice Terra Cesar de Mello Pires / VajraSambhava)
Tocando a Terra é um livro escrito em 2001, dedicado
ao Fernando Gabeira.

Humanidade (04 dez.2008)

O ensaio é a forma própria da filosofia. Escrito a partir das experiências do autor, é a forma do pensar que se busca e busca conhecer além de si e quer permanecer como busca: pensamento inacabado. Um estilo. Ação livre. Reflexão.
O Desejo de um autor verdadeiro não é vender seus livros, ser bestseller ou ganhar prêmios. É ser lido e compreendido. Compartilhar sentimentos e percepções é um grande prazer, alegria.
Precisamos de congruência. Não podemos continuar reproduzindo comportamentos esquizofrenizados em nosso cotidiano, a partir de supostas coerências cognitivas já ultrapassadas, não mais necessárias.
Trata-se de reunir pensamento, linguagem e sentimento. Para que os gestos e nossas possíveis atitudes possam fazer sentido: para que a vida seja rica de significados.
Trata-se da elaboração conjunta, crítica e compartilhada, de uma concepção de mundo coerente com as nossas verdadeiras necessidades e a realidade atual. Uma concepção coerente, ou seja, um como fazer, uma proposta crítica efetiva, capaz de transformar a vida e torna-la realmente humana.

Buda Vajrasambhava


BUDA VAJRASAMBHAVA (05 DEZ.2008)

Vajrasambhava, "nascida do Diamante", do ventre da Celeste Terra, veio ao mundo na maternidade Sta.Maria, nas Laranjeiras, quando seus pais moravam em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, às 18 horas do dia 30 de maio de 1949. Filha espiritual de Hermes e Afrodite, viveu dos 4 aos 6 anos, no alto da Tijuca, e depois na Ilha do Governador, até os dezoito anos. Depois do Movimento Estudantil, em 1968, quando enfrentou as forças armadas da ditadura burguesa, nas ruas do Rio de Janeiro, passou a vender sua arte em colagens de folhas secas, cartões, quadros... na Feira Hippie - e foi nessa época que se aproximou do RajaYoga. Durante 30 anos de práticas recebeu diversas iluminações até que, em 1998, já em Salinas (Nova Friburgo-RJ), obteve a Iluminação definitiva. Aqui ocorreu o seu encontro com o Lama Chagdu Tulku Rinpoche e o Vajrayana.
Então, em 02 de novembro de 1998, escrevi:
O luar clareava a estrada
eu descia o caminho úmido sem sombras
com a certeza de estar em casa
(...)
e o novo ser, seguindo o fio de prata
saiu de dentro da lua e viu um estranho diante de si
mas, sua mãe lhe disse: não tenha medo, querido
é parte de mim. Vem e seja feliz.

(Música 90, em 10 nov.98, letra no livro
Tântricos e outros cânticos, de 1998)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

IRIS MURDOCH (31 MARÇO 2008)

IRIS agora é um filme, que vi na TV outro dia. Logo tratei de procurar um livro dela para ler. Claro, tinha um, esperando por mim, na livraria da graçadivina... sincronicidade significativa.
Iris nasceu em Dublin, Irlanda, em 1919. Formou-se em Oxford, em 1944 e trabalhou no Serviço Social da ONU, na Bélgica, Áustria e Inglaterra. A Europa sofria então com a segunda grande guerra imperialista. Em 46, Iris recebeu uma bolsa de estudos para os USA mas o governo americano não aceitou seu visto, porque ela pertencia ao Partido Comunista Britânico.
Em 1948, Iris voltou para Oxford, para lecionar filosofia no St. Anne's College e lá ficou por quinze anos. Em 63 abandonou o magistério e passou a se dedicar à Literatura, vivendo em Londres, onde se filiou ao Partido Trabalhista.
Foi como filósofa que Iris escreveu seu primeiro livro, um ensaio sobre Sartre. Aqui, distingue a questão da objetividade, criticando o subjetivismo do existencialismo sartreano. O tema seria exposto em seus romances, o reconhecimento da existência objetiva onde o amor tem início... com a supressão da subjetividade excessiva.
Seu primeiro romance, de 1954, é Under the Net, que foi algo polêmico nos meios intelectuais europeus. O segundo, A mulher decepada, um mergulho psicológico no relacionamento de casais da classe média londrina.
O livro que li agora é uma tradução com dois romances de l963 e 4: The Unicorn e The Italian Girl.
O unicórnio é uma história NOIR, onde Iris nos fala dos envolvimentos de uma professora com um grupo de pessoas que cercam a figura de uma excêntrica mulher, o unicórnio Hannah.
A moça italiana é outra aventura estranha, narrada na primeira pessoa, por um homem... que volta à casa da infância, para o enterro de sua mãe, e encontra uma situação surpreendente, entre seu irmão, esposa e filha, todos envolvidos por um casal de irmãos de origem russa e uma criada italiana. As duas histórias contem a mesma preocupação, constante em Iris, o tema dos relacionamentos humanos, especialmente a questão da bissexualidade.
No filme Iris, a questão não é ressaltada, mas nos livros é o tema central; é o ambiente onde as pessoas flutuam.
Iris Murdoch foi uma grata surpresa agora, depois que conclui meu livro "O Corpo do Amor"; claro, não me veio somente agora, por acaso. Iris chegou, com sua mensagem libertária, como um presente, nesse ano em que completo 59 anos. Ela veio, com sua sensibilidade, suas descrições detalhadas e análises delicadas... veio, repleta de conteúdos celtas; esse imaginário que é o meu campo semântico e tão necessário de compreensão, hoje em dia, para que possamos atravessar essa passagem ao socialismo e superarmos a violência e o egoísmo. (O mal é um princípio de desligação; ele é incompatível com o Bem.)
O unicórnio é também a imagem do Cristo. E Hannah é usada como bode-expiatório, uma criatura legendária, um belo unicórnio.
"Mas, seria uma pessoa culposa ? Se ela é culpada, ela é como nós. E se ela não sente a culpa, ela não está aprisionada em si mesma."
"As vítimas do poder, e qualquer poder tem suas vítimas, ficam contaminadas. Então elas tem que transmitir, usar esse poder sobre os outros. Isso é o Mal, e a imagem imperfeita do Deus todo-poderoso é um sacrilégio. O Bem não é exatamente fraco. Porque ser fraco, ser uma vítima completa, pode ser outra fonte de poder." E é no bem que o poder se extingue. Quando encontra um ser puro, que apenas sofre e não tenta transmitir esse sofrimento. (O Bem convive com o Mal).
Na Moça italiana vamos encontrar o mesmo tema do sofrimento, analisado pelo personagem Edmund: "Ainda não queria ter tantos pensamentos. Queria ser, durante algum tempo, talvez, pela primeira vez, diminuto e simples, e lidar simplesmente, na alegria ou na dor, com outra pessoa. Eu a via agora, uma garota, uma estranha, e no entanto a pessoa que eu estava mais acostumado no mundo: minha moça italiana, e no entanto também a primeira mulher, tão estranha quanto Eva para o Adão que despertava aturdido". - A pessoa deve sofrer em sua própria casa ?
As personagens de Iris desejam liberdade para amar e amam mesmo quando o amor parece impossível em algum contexto adverso.
- Você não pode deixar de ver o filme e ler seus livros. É uma experiência única e fundamental. Prepare-se para se emocionar com o arco-iris.

Iris Murdoch morreu do mal de Auzheimer. E eu me pergunto como uma mulher tão genial, tão rica e criativa, cai nesse processo de esquecimento irreversível, quando a memória vai se apagando...? um céu onde as estrelas de repente vão se extinguindo, auto-consumidas por um inesperado excesso de fusão nuclear... a liberação de energia, resultante da fusão dos núcleos de hidrogênio para formar núcleos de helio, essa luz que nos aquece e ilumina agora. Tremenda energia !

Joyce Pires.

KANTIANA (1 dez.2008)

Intuição é a representação que depende de maneira imediata da presença do objeto.
A impressão do objeto sobre a faculdade representativa, quando somos afetados por ele, chama-se sensação.
A sensibilidade é a nossa capacidade de receber representações graças à maneira pela qual somos afetados pelos objetos.
A intuição é, assim, a forma da sensibilidade que torna possíveis as impressões pelas quais os objetos nos afetam.
Esse tipo empírico de intuição é o que se relaciona ao objeto por meio da sensação, que torna possível a síntese a posteriori. Ela precede o objeto (é a priori) ao mesmo tempo em que o dá - porque é intuição, é aquilo que forma a sensibilidade.
A sensibilidade é uma fonte do conhecimento. Ela é autenticamente a representação de algo que se dá ao sujeito como aquilo que o afeta: aparece. Aparição e conteúdo de consciência e realidade são a mesma coisa... o que não significa introduzir o idealismo. A não ser que fiquemos com a "coisa em si":
O ser que não pode ser conhecido, só nomeado por uma expressão abstrata, sem relação absolutamente. Algo que se manifesta pela linguagem. A experiência como sensibilidade. Então, Marx nos diz em seus versos:
"Kant e Fichte vagueiam de bom grado pelo éter,
Procuravam aí um país distante,
Eu, contudo, procuro apenas compreender , bem
Aquilo que encontrei na rua."
(Karl Marx, Dos Ensaios Poéticos)
É:
O desejo de descobrir uma concepção do mundo que permita uma real compreensão dos processos vitais e uma participação ativa neles.

A sensibilidade é o lugar da nossa subjetividade, do indivíduo, do eu. Portanto, é também o local do discernimento e da elaboração das impressões, isto é, do sentimento. Então, é o lugar das inconsciências, do imaginário e do nascimento da sabedoria. Dialeticamente.
É o pensamento enquanto conhecimento, como transformador da realidade, no processo histórico de construção de uma vida com mais justiça e equanimidade. Uma teoria, a filosofia da praxis, que cabe a nós desenvolver e atualizar, para que possamos, juntos, não só ler e compreender... mas, sermos capazes de realizar, fazendo a nossa História, a partir das condições de existência que estão aí, agora, completamente dadas.

Joyce Pires.

O patriciado e a tecnocracia (do Lieberdade 8 jul00)

O patriciado e os tecnoburocratas são duas frações
da classe dominante das formações sociais capitalistas.
O patriciado é aquela gente famosa da TV e do cinema,
atores, cantores, compositores;escritores; catedráticos;
diretores e produtores de rádio, cinema e TV; gente
da imprensa, jornalistas e âncoras de programas;
gente que faz a notícia e que forma a opinião pública:
todos são muito famosos ! adorados pelos fãs...
A tecnoburocracia é aquele tipo de gente dos porões
que preparam as regras administrativas e econômicas,
as leis do Banco Central e do judiciário burguês
que vão controlar as relações sociais e a civilidade
e dão o contorno da violência ideológica do Estado !
Alguns são famosos mas geralmente não têm fãs...

Essas duas frações da classe dominante
embora com essa distinção flagrante - os primeiros
produzem cultura dominante que permanece na superestrutura,
os segundos produzem a dominação que se efetiva na infra;
- essas duas frações de classe dominante têm algo em comum:
ambas vivem numa espécie de auréola de ouro protetor,
como aquelas "bolhas de oxigênio" utilizadas pela medicina
para proteger certos enfermos muito sensíveis a microorganismos
para que não se contaminem com o ar impuro de fora;
ambas vivem distantes da realidade do país
e ambas reproduzem o modelo romântico da alienação.
São como os deuses da não-forma, do Budismo Tibetano,
cujo renascimento é causado por apego à estabilidade.
O que lhes falta, na verdade, é uma estética-ética.

(Lieberdade é um livro de Tantra Poesia, de 2000
by joyce pires)