quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PARA LEMBRARMOS SEMPRE !!!



PARA LEMBRARMOS SEMPRE ! (12 março 2006)

   “O monopólio do capital torna-se um grilhão do modo de produção,
que nasceu e floresceu junto com ele e sob ele. A centralização dos meios
de produção e a socialização do trabalho alcançam por fim um ponto em que
se tornam incompatíveis com o seu revestimento capitalista. Esse revestimento explode e soa o dobre dos finados da propriedade capitalista privada. Os expropriadores são expropriados.
   O modo capitalista de expropriação, resultado do modo capitalista de produção, produz a propriedade privada capitalista. Esta é a primeira negação da propriedade privada individual, fundada no trabalho do seu proprietário. Mas a produção capitalista gera sua própria negação, com a inexorabilidade de uma lei da natureza: é a negação da negação. Ela não restabelece a propriedade privada do produtor, mas lhe dá uma propriedade individual baseada na aquisição da era capitalista, isto é, na cooperação e na posse comum da terra e dos meios de produção.”
                                                 (O Capital, Livro 1, cap.32 – Karl Marx)

  Quando Marx ressalta que o processo de transformação da propriedade privada dos meios de produção em propriedade social é inexorável, ele está dizendo que a socialização dos meios de produção é uma dupla negação.
É preciso compreender, aqui, a existência da dialética nas relações sociais de produção, que são o conteúdo concreto da categoria (abstrata) de “modo de produção”. Essas relações, então socializadas, são relações de cooperação, com direitos e deveres iguais, relações de produção democráticas, portanto.
   O capitalista é uma categoria da produção. Não é apenas um proprietário.
Capital é algo que existe na produção, no processo de produção. Não é “fortuna” ou muito dinheiro.
   A dialética está aqui, assim: o caráter social da produção capitalista é a antítese da acumulação privada capitalista. É a primeira negação.
A síntese ocorre com um salto de qualidade, que é um momento historicamente rápido, ou seja, ocorre num curto período de tempo.
O que é longo é o processo de transformação da propriedade privada na propriedade privada capitalista. Este é o atual processo chamado de globalização -  que eu já chamei de internacionalização dos meios de produção.
   A fase seguinte, segunda negação, é “a transformação da propriedade privada capitalista, que já se baseia praticamente na produção social em propriedade socializada”.  Marx disse que esta tomará menos tempo. Mudança inevitável, um salto quântico.
   Marx não disse que era iminente... Quem pensou isto não compreendeu os termos do Manifesto Comunista implícito no texto de O Capital: seu caráter conclamatório, seu chamado à organização da classe operária.
   À medida que o capitalismo se amplia e se globaliza, sobrevivendo através de seus ciclos, declina sua lucratividade. Suas crises também são globais... A transição é uma reestruturação (Perestroika) e ela é transparente (glasnost).

(Lua Nua, XI Ensaio, do contexto – Joyce Pires)

domingo, 22 de novembro de 2015

ESTELO



ESTELO        (22 nov.2015)

Voei para a minha solidão
Pássaro sem nome
Sem desejos
Apenas contemplação.
- O que me faz sentir assim?
Esse estranho estrangeiro
do interior
sereno diante de si mesmo
e excluído da normalidade...
exótica figura se destacando
em meio a sombras...
Será o ponto primordial
de todas as narrativas?
Todos os véus que encobrem
tua verdade
não são escolhas que você fez...
Padrões impostos introjetados
amarras em tuas mãos
correntes na garganta
para não gritar: te amo!
A polarização é sempre o rastro
mais fácil
na tradição dos animais, das feras...
Difícil e raro é o caminho mais belo
quando do imaginário se faz o estelo.

(Joyce Pires – Poesia)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015


Não vivo mais sem você



NÃO VIVO MAIS SEM VOCÊ  (17 nov. 2015)

Não vivo mais sem teus olhos.
E quando vem a noite
eles estão mais próximos.
Porque são feitos do luar.
E por mais estranho que seja
eles não brilham.
A luz não reflete.
Eles se fecharam
para me ver melhor.

Não vivo mais sem tuas mãos.
Enquanto durmo, elas me cobrem...
pedindo meu corpo, puxando meu ser,
me querendo sua. Para si.
Seus longos dedos percorrem dunas
nos desertos da minha pele
e esculpem oásis de luz e de sombras
quando se aprofundam em sonhos.
Lascivas e úmidas. De paixão.

Não vivo mais sem teus lábios.
Nos beijamos e você enlouquecia.
Se entregando, pedindo
me querendo sua. Você me atingiu
o âmago. E na voz, o gozo.

(Joyce Pires – Poesia)


A fera está no âmago da cela.
Fora, seu olhar espera.
No interior da sala:
o selo, a sela.

(Joyce Pires - Poesia – 17 nov.2015)

sábado, 14 de novembro de 2015

A PASSAGEM AO SOCIALISMO



A PASSAGEM AO SOCIALISMO  (28 julho 2013)

BLOCO HISTÓRICO é um conceito de Antonio Gramsci, o nosso grande teórico da práxis revolucionária. Um bloco histórico é uma situação histórica que engloba uma estrutura social (as classes sociais que dependem diretamente da relação com as forças produtivas) e uma superestrutura ideológica e política. O vínculo orgânico entre esses dois elementos é realizado por grupos sociais das superestruturas: os intelectuais. São os “funcionários” da superestrutura jurídica, política e ideológica – os representantes da classe hegemônica (em nosso caso, brasileiro, a  burguesia associada ao imperialismo, os proprietários do capital e dos meios de produção). São os gestores da sociedade civil.
  O bloco histórico é o ponto de partida de uma análise da forma como a ideologia (sistema de valores culturais) impregna e penetra, socializa e integra uma formação social – isto se constitui em hegemonia. Quando a hegemonia é alcançada, integrando a formação social, dizemos que o bloco histórico se realizou: houve a unidade orgânica da estrutura (economia) com a superestrutura (que reproduz as relações de dominação política e jurídica).
  O que nos interessa analisar é como se desagrega a hegemonia e cria-se um Novo Bloco Histórico operário e camponês, por exemplo.
   A sociedade civil é a direção cultural e moral e a sociedade política é o aparelho estatal. A sociedade civil reúne o conjunto dos organismos “privados” e corresponde à função de hegemonia que o grupo dominante exerce em toda a sociedade. É a hegemonia cultural e política de um grupo social sobre o conjunto da sociedade como conteúdo “ético” do Estado: associações políticas e sindicais patronais, corporações, igrejas, mídias (tv, rádio, cinema, publicidade) e entidades como os conselhos de profissionais liberais, como OAB, ABI, de Medicina, etc.  É o que Marx chama Estado e Sociedade: o Estado são os aparelhos de Estado e a sociedade é o fundamento intelectual e moral do Estado (ver em Crítica no Programa de Gotha, Karl Marx). Diz Marx: Essa sociedade (civil ou burguesa) abrange o conjunto das relações materiais dos indivíduos no interior de um estágio determinado de desenvolvimento das forças produtivas. A sociedade civil forma a base do Estado e do resto da superestrutura idealista. Nela o Estado se concretiza. A ideologia da sociedade civil, da classe dirigente, abrange todos os ramos da ideologia, arte, ciência, economia, direito etc. É uma “concepção do mundo” difundida em todas as camadas sociais para vinculá-las à classe dirigente.
   A ideologia de classe está agindo. Por exemplo, quando um representante de algum grupo dominado, como um trabalhador rural... é eleito para uma câmara de vereadores ou deputados, ele naturalmente muda o poder aquisitivo... dado aos altos salários da função, no regime republicano burguês e capitalista. Então, ele muda de classe social. Se ele não tiver uma sólida convicção ou consciência ética, de sua origem trabalhadora, poderá ser corrompido. Porque essas câmaras são templos da corrupção, históricos.
Nota: Atenção para o retrocesso. Não como foi em 1964, com um golpe de Estado, militarista, mas, um golpe “civil”, que pode ser dado “legalmente”... através do próprio Congresso, impedindo o avanço do processo dialético Governo// Movimento popular.
  Essa ideologia, por adaptar-se a todos os grupos, costuma receber vários nomes: filosofia, religião, senso comum, folclore. É a direção ideológica da sociedade e se difunde nas escolas, mass media, bibliotecas, ou seja, nas organizações (aparelhos) que a criam e divulgam, como as academias e igrejas.
   A sociedade política, também usada pela classe dominante para exercer sua hegemonia, consiste nos aparelhos do Estado, Parlamentos, governos executivo, judiciário e seus complementos (polícias, tribunais, cárceres) etc. Aqui, incluímos os Partidos Políticos, embora, como o Parlamento (que elabora as leis), sejam igualmente órgãos da sociedade civil.
  Na verdade, a classe dominante utiliza e combina as duas instâncias (civil e política) no exercício de sua hegemonia.
   O Bloco Histórico se forma quando estrutura e superestrutura estão ligadas organicamente. Esse vínculo, realizado pelos funcionários intelectuais precisa ser renovado diariamente para que o bloco se mantenha no poder.
Os sinais de crise de um bloco podem ser observados quando, por exemplo, uma decisão de governo, de um Ministério de Educação, é questionada pelo Conselho de Medicina – caso recente em nosso país e já analisado neste livro, em “Duas Visões do Mundo”, 10 julho 2013.
  Uma crise orgânica só conduz ao Novo Bloco hegemônico se as classes dominadas conseguem, ANTES da crise tornar-se visível, organizar-se e construir sua própria direção política, ideológica e jurídica. Apoderar-se do Estado significa ter hegemonia na sociedade civil e na política. Não é suficiente uma eleição para a Presidência da República...
   Como as classes subalternas são excluídas da vida política e cultural (real) por falta de intelectuais orgânicos, ou porque esses estão de certa forma censurados..., acaba que seus representantes são os da classe  dominante e sua organização autônoma nem sempre ultrapassa o âmbito econômico-corporativo (sindicatos etc). Só lentamente, a classe assalariada (operários e camponeses) consegue produzir seus “quadros” capazes de elaborar conteúdos revolucionários – e isto geralmente só acontece após a tomada do poder estatal...
  A crise orgânica aparece na ruptura entre as classes dominadas e a ideologia dominante. Mas, a cisão só pode se desenvolver e durar se for acompanhada de uma tomada de consciência ideológica e política. A consciência de sua própria condição histórica, seu papel na Revolução. Essa consciência de classe é que fará com que aspire à direção do Novo Bloco Histórico, com nossa própria Visão do Mundo, uma nova concepção de organização social capaz de recriar a hegemonia em novas bases. Isto é a Ética da verdadeira Política, capaz de criar um Partido realmente revolucionário, para as condições atuais: uma verdadeira liderança política.

  Liberar a dinâmica econômica dos entraves da política tradicional (fisiologista, corrupta, nepotista, etc) exige a formação de um Novo Bloco Histórico sem contradições internas – um bloco hegemônico. A hegemonia implica em consenso dos grupos aliados e, portanto, exige compromisso. A assimilação das camadas aliadas é necessária e urgente, para mudar a direção política de certas forças presentes no processo.Atenção para o retrocesso, o avanço do fundamentalismo nazista religioso..
A luta ideológica é uma “guerra de Posições”. Esta é a estratégia possível nas condições históricas atuais. Adaptar-se ao Bloco atual e transformá-lo. Senão, é guerra civil.

(Poesia – Joyce Pires)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

MYSELF



MYSELF  (25 julho 1997)

Que tanto procuras ?
Ártemis
Pra destruir...
São esses heróis baratos, teseus
Falsos... humanos
Que te possuem mas não te amam...
E se te entregas, te abandonam
Ariadne...
Deste ciclo não sairás
Nem como Ártemis.
De que adianta bancar a invulnerável
Se o que desejas é ser amada ?

Mas, não te angustie
Deusa querida
Você não sabe
Mas todo esse equívoco e abandono
Aconteceram
E acontecem
Simplesmente porque és minha!
... não percebeu ainda ?
Teu Dioniso!

(Graça Divina – Joyce Pires – letra da
Música 038, em 15 abril 1998 – fita 06)

domingo, 8 de novembro de 2015

ANÁBASIS



Seus olhos são duas luas negras
navegando no céu, soberanas
porque a Terra partiu-se
e gerou uma outra de si.
Mais jovem... idêntica à primeira ?

Seus olhos asiáticos e místicos
revelam na noite, indômitos
curvas centrífugas
veios, câmaras, hades
Katábasis nos tártaros
em busca das juras dos Raios
às águas do rio Estige.

Seus olhos de gueixa
contemplam a parúsia
e quase tristes

Duas luas negras
quase noite sem fim.

(Joyce Pires  -  Poesia)


MARIANA

Minha indignação transbordou do poço
como lama tóxica e escorre
pelos rios e vales...
desesperadamente
da alma de Mariana.

(Joyce Pires – Poesia  - 8 nov.2015)

NÃO VIVO MAIS SEM TEUS OLHOS



Não vivo mais sem teus olhos.
E quando vem a noite
eles estão mais próximos.
Porque são feitos do luar.
E por mais estranho que seja
eles não brilham.
A luz não reflete.
Eles se fecharam
para me ver melhor.

(Joyce Pires – Poesia – 6 nov.2015)