Wira Selanski, USU. 1968, foto de Joyce Pires
Diário de Bordo é um livro de insights dialéticos, iniciado em 06 março 2008, crônicas, ensaios, poesias.
quinta-feira, 17 de julho de 2014
DIÁFANA (05 agosto 2000)
Sincronicidades pelos cantos
Nos ares, na casa
Caindo das estantes
Saindo dos livros
Sincronicidades
significativas
Sinais oraculares
Anunciando a tua chegada:
Séculos e mares
Trituraram rochas esquecidas
Para que eu pudesse te dar
Esta simples areia...
Por isto te quero simples
Porque te quero
Antiga como o mundo.
(Lieberdade – Joyce Pires –
letra
da música 204, em 25 ago.00)
É POSSÍVEL: UMA CARTA DE AMOR
Pensei , um dia, na beleza da poesia, alegria
Que só poderia cantar o que eu sinto
E colocar a voz no que me desse prazer
E com isso deixei passar aquilo. E perdi.
Esperava que você viesse, mais uma vez
Com outras flores, novos perfumes
Que me fizessem florir também.
Mas, ainda aqui, era só o mar
Era só prazer de amar o mar.
E você me disse então
Que eu sou a sua liberdade
Ninho perdido, abrigo levado
Pelas engrenagens. Onde eu habito...
Não, meu amor, eu sinto. E quero mais.
Apenas isso. Depois de ter você,
Nada além é preciso.
E agora, com todos esses anos,
Só o que desejo é encontrar você,
Sentir suas águas de riacho sereno
Tocando nas minhas, e juntas
Seremos capazes. Pensar em você.
No que você precisa de mim.
Se eu sou mesmo sua liberdade
É porque você está em mim.
Entrou há muito tempo, azul
Deitou no meu leito, luz
E me chamou de mulher.
Hoje compreendo que você não poderia
Naquele momento, conhecer o meu desejo,
Fazer algo que eu quisesse dizer ali
Falar por mim, a força do meu próprio amor,
Porque este, somente eu posso dizer, a você.
E digo agora, eu te amo, sim, te amo, sou tua
Além das palavras, só melodia. Maria.
(Joyce Pires, letra da música 452, do livro Poesia, em 04
agosto 2013)
QUEREMOS EQUANIMIDADE
Essa conta do INSS-LOAS, que vemos no
histórico de créditos, dá a certeza de uma espécie de deboche, uma zombaria do
Estado brasileiro e sua injustiça histórica... Com a gente simples desse país
do futebol; que não parece sério. Não.
Dei entrada nos
documentos no dia 2 de junho (fui, no dia 30 de maio, mas o INSS estava fechado
porque o sistema não funcionava, a rede informatizada...), mas a funcionária
marcou para o dia 26 de junho, para efetivar o pedido de LOAS. Daí que começou
a fazer a diferença: perdi um mês de auxílio. Como se já não bastasse ter
perdido dez anos! Porque já deveria estar aposentada como trabalhadora rural
desde 55 anos de idade, por direito, porque de fato sou camponesa.
121 reais: a farsa da
assistência social, que restou ao trabalhador que produziu proteínas para a
sociedade, durante mais de 24 anos : carne de coelho, leite de cabra,
escargots... E produtos orgânicos, na década de 80, quando ainda nem se falava
nisso. É ,meus caros, o Brasil, grande produtor e exportador de alimentos, não
respeita e valoriza os pequenos produtores, que produzem. A incongruência é
histórica e ideológica. E há uma contaminação entre INSS e a Justiça Federal. A
sociedade-estado que nunca assinou minha carteira de trabalho como jornalista é
a mesma que, através de uma juíza onipotente e uma junta jurídica, agora, na
minha condição de idosa, afirma que sou jornalista e que, portanto, não posso
ser produtora rural. O Estado brasileiro parece acreditar que há empregos para
todos os que alcançam educação superior. Não há vagas suficientes porque os
cargos de nível superior do país pertencem às classes dominantes e suas
clientelas (parentes, amigos, cooptados...). Esse clientelismo (parceiro do
pessoalismo, do autoritarismo, da hierarquização da sociedade, e da corrupção)
é a causa das injustiças e da exclusão social. Não tendo sua profissão
reconhecida, nós, camponeses, voltamos para o campo e recomeçamos a vida com o
que temos aqui: casa, terra e alguns instrumentos, ou seja, nossos pequenos
meios de produção. E produzimos os alimentos, para nós e para os outros.
Que lógica existe
numa sociedade ( e no Estado) que explora, dessa forma tão perversa, os
produtores ? É a ilógica da usura
capitalista e da exclusão.
Temos a nossa
dignidade camponesa e queremos ser reconhecidos como tal. Temos direito à
aposentadoria por idade e desejamos receber o que nos é devido pelo INSS. As
regras internas, com seus artigos misteriosos e seus números, são aplicadas em
nossos processos de forma indiferenciada. Os funcionários públicos do INSS
manipulam a nossa condição de camponeses com dados fornecidos por nós. O
processo administrativo e seus conteúdos são a maior prova disso. Lá estão as
provas dessa manipulação feita pelo INSS com as informações que fornecemos para
comprovar a nossa condição camponesa. Porque há uma intenção em prejudicar o
produtor rural, que é crime. Um crime ideológico, discriminação de classe
social. A verdade é que nossa sociedade, com sua história pavorosa de
escravidão, ainda preserva resíduos na
mentalidade atrofiada dos senhores e suas casas grandes...
Lei orgânica?
Essa assistência
social do LOAS é o mínimo que nos restou. E agradecemos.
Porém, não é justo
ou equânime.
(JOYCE PIRES, do livro Poesia, anexo, em 17 julhos 2014)
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