quarta-feira, 19 de novembro de 2008

REVITALIZADORES UTÓPICOS (10 abril 2008)

Quando um grupo dominado e excluído desenvolve ao máximo sua consciência possível, ele é capaz de romper com o pensar, o sentir e o agir das classes dominantes. O que estava reprimido no inconsciente - condensado ou deslocado na linguagem - salta e jorra, de repente.
Os carecimentos radicais emergem
o discurso irrompe como flores
no outono ou na primavera.

O que a linguagem encobre, a vida descobre. O que tem importância para a vida não é a execução de atos heróicos mas o significado psicológico de nossas ações.

O socialismo é um longo trabalho de reorganização da vida e uma festa popular. É uma revolução de formas, quando os carecimentos deixam de ser "ausências" para ser "projetos radicais".

Os revitalizadores utópicos são poetas que sonham com o que está "fora" da realidade, num futuro imprevisível... Utopia ?, plano ideal ?
- Não; quando está em ação a imaginação criativa, que capta as possibilidades da formação social, suas oportunidades históricas. E sua utopia então é uma preparação.
No Manifesto Comunista de 1848, Marx e Engels prestam justiça aos grandes socialistas utópicos Saint-Simon, Fourier e Owen, precursores do comunismo científico. As obras destes filósofos são material precioso para a crítica do capitalismo e para a educação dos trabalhadores. Eles aparecem no primeiro período da luta entre o proletariado e a burguesia (a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social), e se esforçam para compreender o antagonismo das classes, assim como a ação dos elementos dissolventes na própria sociedade dominante. Mas não percebem nos trabalhadores nenhuma iniciativa histórica, nenhum movimento político que lhe seja próprio. Defendem a classe operária porque é a classe mais sofredora. Nessas obras "utópicas" encontramos propostas positivas para a futuro, a supressão da distinção entre a cidade e o campo, abolição da "família" e do lucro privado, e do trabalho assalariado, a proclamação da harmonia social e a transformação do Estado numa simples administração da produção. Em sua época foram revolucionários; mas não os seus seguidores. As seitas formadas por seus "discípulos" são reacionárias, porque não percebem o desenvolvimento histórico dos trabalhadores e a necessidade da luta de classes. Para realizar todos os seus " castelos no ar" são obrigados a contar com os cofres de filantropos burgueses e apelar para os seus bons sentimentos... Opõem-se a qualquer ação política organizada da classe trabalhadora e não passam de conservadores. Os verdadeiros revitalizadores poder ver o real possível.

Joyce Pires

Um comentário:

sérgio disse...

Poetas tem asas,
voam...
pelo infinito!