segunda-feira, 24 de novembro de 2008

COLÔMBIA E GEÓRGIA (09 SETEMBRO 08)

- O que países tão distantes entre si, como Colômbia e Geórgia, têm em comum ? O que podem ter em comum, além de habitados por seres humanos ?...
A Colômbia, na América, país de colonização espanhola, com uma economia estruturalmente agrícola, onde o plantio da coca é, historicamente, a base da sobrevivência dos produtores rurais... país dividido por uma luta de classes, que está em curso há mais de quarenta anos, entre grupos hegemônicos aliados ao imperialismo transnacional e as Forças Revolucionárias da Colômbia (FARC)... que representam os oprimidos... país estratégico banhado pelos dois grandes oceanos, o Atlântico e o Pacífico, com um governo supostamente democrático.
A Geórgia, na região do Cáucaso, país saído da União das Repúblicas Soviéticas, com uma economia que se reestrutura, após um processo de socialização dos meios de produção... país que aparece agora invadindo a região da Ossétia do Sul, durante as Olimpíadas na China - aproveitando-se dos Jogos Olímpicos para "aparecer na midia" como vítima dos russos... é claro que a Rússia defendeu a Ossétia e respondeu ao ataque bombardeando a Georgia. Na região passa o petróleo e o gás produzidos e exportados para os europeus.

- O que esses dois países podem ter em comum ?... além da produção de petróleo...
Vou dar uma pista: o atual presidente da Geórgia é norte-americano, de origem georgiana, claro... mas, nasceu nos USA e possui um escritório de advocacia que representa vários grandes investidores norte-americanos na Geórgia; ou seja, ele é o intermediário dos capitais dos USA na Geórgia e, portanto, se constitui num aliado dos USA.

Agora a resposta é possível; não é mesmo ? Porque o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, também recebe grandes "investimentos" norte-americanos... ainda que não seja através de algum escritório de advocacia, mas com a finalidade de combater o "tráfico de drogas"... ele arma o país contra a população... está matando o povo...
- O que a Colômbia e Geórgia tem em comum é a INTERVENÇÃO DOS USA em seus territórios.
Aliás, esse momento se constitui na primeira vez, na História, em que os Estados Unidos da América (USA) tem a oportunidade de se aproximar do território russo e colocar seus mísseis assim nos limites do grande país comunista. A guerra, antes "fria", agora está completamente declarada e se esquenta, com os mísseis americanos colocados, estrategicamente, na Polônia e na Geórgia. O que os russos fizeram, invadindo a Geórgia, foi apenas uma atitude defensiva.

Os USA estão se aproveitando de um momento de fragilidade da Geórgia para desestabilizar a região das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Na imprensa burguesa internacional você vai ouvir opiniões absurdas, onde a Rússia é acusada e a União Soviética é chamada de "ex-união soviética", que teria "se desintegrado"... O fato é que a União Soviética não se desintegrou. As Repúblicas Socialistas Soviéticas passam por um processo institucional de reestruturação (perestroika); um processo econômico e social que foi decidido durante o congresso que escreveu a Constituição Soviética de 1977, e que foi posto em prática em 1986, durante o governo de Mikhail Gorbachev. Este foi um plano de reestruturação das repúblicas socialistas para promover o desenvolvimento completo das forças produtivas, trabalho e tecnologias. Para a ideologia capitalista geralmente torna-se impossível perceber a grande diferença que existe entre investir os capitais em desenvolvimento humano e o investimento de capitais na competição desumana... No modo de produção capitalista, a opção pela guerra e militarismos tornou-se questão de sobrevivência do próprio modo de produção, que só se mantém, ainda, aviltando os povos e a dignidade humana mundo a fora, porque se vale da violência como forma de se expandir ou se globalizar.
A perestroika não é só uma questão interna, soviética. Como semente da paz mundial, a reestruturação política da URSS precisa ser compreendida como um tema universal. É um olhar para dentro do socialismo e significa mais socialismo. Não é a desintegração da URSS, mas mais democracia, a verdadeira, socialista. Significa abertura e coletivismo na vida diária, mais cultura e humanismo na produção, relações sociais e pessoais mais intensas, mais dignidade e respeito próprio para os indivíduos. É a revitalização do processo revolucionário iniciado em 1917. É uma nova revolução; arte do possível. É um fortalecimento do socialismo.
A perestroika é um programa, decidido pelo 27º Congresso do PCUS, realizado em Moscou, de 25 de fevereiro a 6 de março de 1986 e obteve expressão através de muitos Atos Estatais Legislativos aprovados pelo Parlamento - o Soviete Supremo da União Soviética. Faz parte desse programa revolucionário a promoção da reestruturação da federação, com a individuação política de cada uma das repúblicas da União Soviética, quando cada nação deverá promover seu próprio desenvolvimento, mantendo, é claro, os laços formados na comunidade, baseada na fraternidade e cooperação, no respeito e na assistência mútua. Os processos nacionais são diversificados e as contradições são próprias de qualquer tipo de desenvolvimento. Cada nação possui uma raiz histórica e precisa de um tipo específico de desenvolvimento. A perestroika é a proposta que chega para garantir maior democratização das sociedades. O que importa nesse processo de reestruturação é que haja conscientização do papel da nacionalidade, sem exageros, que só dão margem a visões estreitas, rivalidade nacional e arrogância. É o internacionalismo revolucionário que sempre garante a base da igualdade e cooperação. E isto não interessa ao Consenso de Washington. "Dividir para imperializar" sempre foi o lema dos USA e, nesse momento, é isso que está ocorrendo, mais uma vez. A estratégia é sempre a mesma em qualquer lugar do mundo quando o assunto é petróleo, gás ou mesmo água... Invadem nações, jogam com rivalidades étnicas locais, fazem intrigas diplomáticas, plantam espiões, põem e depõem governantes... a lista de abusos é longa: Vietnã, Angola, Moçambique, Cuba, Brasil, Chile, Iraque, Afeganistão, e poderíamos continuar mundo a fora - os norte-americanos são incansáveis quando se trata dos interesses dos seus capitais. Sua voracidade e crueldade, sempre camuflados pelo "ideal democrático", estão aí, visíveis no noticiário, ainda que mistificados pelas agências de notícias do imperialismo.
O intervencionismo é um vício que não poupa diversos continentes e oprime, tanto as américas central e do sul, como países asiáticos, africanos e, até mesmo, os europeus. O intervencionismo não escolhe suas vítimas de acordo com situações geopolíticas apenas. O intervencionismo norte-americano escolhe suas vítimas especialmente porque precisa submeter todo o planeta aos ditames da reprodução ampliada do capital. É uma questão estrutural, de sobrevivência do modelo altamente consumista e destrutivo; esse modelo de capitalismo que está arruinando a vida na Terra.
Joyce Pires.

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