domingo, 19 de julho de 2015

DE SI



DE SI     (02 agosto 2011)

Você olha. Você vê. Ouve.
E intui.
Quando você transcende a imagem
O horizonte é expandido
E você transita sem receio
Além do próprio seio...
Na noite imensa.
E compreende:
Que há prisão
Nos que traficam
Nos que prendem
Nos que consomem
Nos que investigam:
O mundo do crime é uma esfera
Das formações sociais capitalistas
- a prisão dos alienados -
E não importa de que classe for.
São todos farinha do mesmo saco.
São condenados de uma quadrilha
Com metástases dos becos até o Senado
Passando por todos os aparelhos do Estado
Pelas vielas das favelas e pelas milícias.
Por todas as polícias.
Da zona norte à zona sul,
Nas mansões do lago do lado sul
E nos campos de crack e oxi
Das linhas férreas.
São todos condenados das trevas:
Produtos de uma insana esfera
Do modo de produção que acumula
Em vão: sub-produtos da semana
No mercado; brutos abruptos
Da brutalidade desumana.
Presentes em todas as guerras. Feras.
Quando você transcende a imagem
Vê a aura de toda gente e compreende:
A natureza e o trabalho criam o ser humano.
Você é o que faz, o que pensa, sente e fala.
E o que projeta de si.   Artífice.

(Lógica e Tal  -  Joyce Pires)