domingo, 5 de julho de 2015

MEU CORPO DE POESIA



Meu corpo histórico

tão biográfico,

de minhas narrativas e cenários

meu corpo marcado pela vida

vivida. Corpo de rio.

Meu corpo dialético

dançarino noturno

de contradições superáveis

e sínteses alcançadas.

Meu corpo luminoso

atravessando tempo e espaço

diáfano e múltiplo

reunindo na canção

a palavra do meu corpo

e a melodia do meu povo.

Corpo de rio onde podemos ler.

O verso cantado

na amplidão das ruas

brasileiras

é o meu cantar

que já não podem mais monitorar.

Corpo de rio onde lemos a história.

A palavra censurada

rompeu os véus encheu os céus

e se espalhou, difusa música

na voz da multidão.

Corpo aberto, solto, lieberto: clara melodia.

E nosso desejo será ouvido

ainda que custe bem caro

aos que se pretendem donos do mundo.

Meu corpo agora é realidade

Está nas ruas outra vez e vai

Agora ainda mais do que antes.

Corpo de rio, fluindo as águas no leito

que muda de forma, direção e profundidade...

e não retorna, porque é do ser da fonte que jorra

seguir sempre sempre... até alcançar o mar.



(do livro Poesia, Joyce Pires, letra da

música 450, em 14 de julho 2013).