domingo, 5 de julho de 2015

DESPERTA (7 junho 2012)



Existirá uma religião verdadeira

Que não seja apenas a manipulação

Ideológica e dominadora

Com o fim de reproduzir a ordem

E manter a subordinação dos governados?

Existirá uma religião verdadeira

Que de fato re-ligue indivíduo

E coletividade, si e natureza, eu e outro?

E que religião será essa capaz de realizar

O reconhecimento humano ?

Serei eu o artesão itinerante, do cristianismo?

Ou o comerciante ambulante, do judaísmo?

Serei o anunciador de uma Jihad, o guerreiro

Conquistador do mundo, do islamismo?

Ou o burocrata, ordenador do mundo,

Do confucionismo ?

Serei o mágico ordenador do mundo,

Do hinduísmo?

Ou o monge mendigo errante, do budismo?

Serei eu apenas um portador ideológico

De uma doutrina de salvação

Que se harmoniza com a minha posição

Social – como sugerido por Max Weber?

Serão as religiões apenas organizadores

De demandas de legitimação do poder

Das classes privilegiadas ou de demandas

De compensação e salvação

Para as classes dominadas ?

Como pensou Bourdieu, de fato,

As diferentes formações sociais

Podem ser reconhecidas pelo grau

De desenvolvimento e diferenciação

De seu aparelho religioso, ou seja,

Das instâncias que asseguram a produção,

Reprodução, conservação e difusão dos bens

Religiosos, de acordo com a sua distância

Do auto-consumo religioso ou da monopolização

Completa da produção religiosa por especialistas.

Esses dois tipos de estrutura de distribuição

Do capital religioso têm relações, competências,

Domínios e ideologias diferentes, em função

De reinterpretações próprias e que resultam

Da constituição dos Estados e do desenvolvimento

Dos antagonismos de classe.

A transmutação simbólica está em todas

As teodicéias sociais, para justificar a ordem.



E consciente disso, sei que o verdadeiro religar-se

É reintegração psíquica intrínseca.





(Lógica e Tal -- Joyce Pires)

Nenhum comentário: