DO OPUS REVOLUCIONÁRIO (02 junho 2012)
O sistema de ensino, Aparelho Ideológico de Estado,
É o responsável pela reprodução da estrutura
De distribuição do capital cultural,
Através de mecanismos de exclusão
E dissimulação da arbitrariedade
Com que impõe, às suas próprias vítimas,
O reconhecimento, como se os dons,
Méritos e competências, que suas sanções
Estabelecem e consagram, não fossem
Realmente formas de transmissão
Do capital cultural dentro do sistema
Dos mecanismos de reprodução
Das estruturas das relações de classe,
De poder e capital econômico.
As formas simbólicas que encobrem
E dissimulam a dominação são as mesmas
Que constituem a racionalização
E a burocratização. Formas que realimentam
O clientelismo, o nepotismo, o fisiologismo,
Os favorecimentos e a corrupção, no capitalismo.
Se, ao sermos educados, não podemos escapar
Dos esquemas dominantes
E da cultura alienante (consentimento),
Que ao menos estejamos sempre atentos
E conscientes desses processos interiorizados,
Através dos quais se dá a transmissão
Institucionalizada da cultura; e que sejamos
Capazes de discernir o consenso ideológico
Das verdadeiras motivações
Das nossas atitudes e realizações.
Desviar. Saber desviar.
O poder se organiza através da conservação
E renovação das relações de força simbólicas,
E aí e então se legitima.
A lógica dos sistemas de ensino assegura
A reprodução cultural, enquanto assegura
A reprodução social, especialmente através
Do culto místico do gênio artístico hereditário,
Que assegura a hierarquia dos bens simbólicos.
O paradoxo vivenciado pelo artista,
Na formação social capitalista,
É precisar incluir-se
Enquanto transforma sua arte em arma
Contra a ideologia dominante.
É dessa tensão que nasce o diamante,
O opus revolucionário.
Da criação, o trabalho.
(Lógica e Tal - Joyce Pires)
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