terça-feira, 7 de julho de 2015

DO OPUS REVOLUCIONÁRIO (02 junho 2012)



O sistema de ensino, Aparelho Ideológico de Estado,

É o responsável pela reprodução da estrutura

De distribuição do capital cultural,

Através de mecanismos de exclusão

E dissimulação da arbitrariedade

Com que impõe, às suas próprias vítimas,

O reconhecimento, como se os dons,

Méritos e competências, que suas sanções

Estabelecem e consagram, não fossem

Realmente formas de transmissão

Do capital cultural dentro do sistema

Dos mecanismos de reprodução

Das estruturas das relações de classe,

De poder e capital econômico.

As formas simbólicas que encobrem

E dissimulam a dominação são as mesmas

Que constituem a racionalização

E a burocratização. Formas que realimentam

O clientelismo, o nepotismo, o fisiologismo,

Os favorecimentos e a corrupção, no capitalismo.

Se, ao sermos educados, não podemos escapar

Dos esquemas dominantes

E da cultura alienante (consentimento),

Que ao menos estejamos sempre atentos

E conscientes desses processos interiorizados,

Através dos quais se dá a transmissão

Institucionalizada da cultura; e que sejamos

Capazes de discernir o consenso ideológico

Das verdadeiras motivações

Das nossas atitudes e realizações.

Desviar. Saber desviar.

O poder se organiza através da conservação

E renovação das relações de força simbólicas,

E aí e então se legitima.

A lógica dos sistemas de ensino assegura

A reprodução cultural, enquanto assegura

A reprodução social, especialmente através

Do culto místico do gênio artístico hereditário,

Que assegura a hierarquia dos bens simbólicos.

O paradoxo vivenciado pelo artista,

Na formação social capitalista,

É precisar incluir-se

Enquanto transforma sua arte em arma

Contra a ideologia dominante.

É dessa tensão que nasce o diamante,

O opus revolucionário.

Da criação, o trabalho.



(Lógica e Tal - Joyce Pires)

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