segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Eu quero a luz que vem de dentro" (29 ago 00)






Enquanto Vincent
o holandes van gogh





traçava suas impressões expressionistas



cada vez mais afastado da realidade



do mundo



no mundo, a Inglaterra ocupava a África do Sul



(e o Egito), que antes era da Holanda..



a Itália invadia a Eritréia



a Bélgica, o Congo



a França, a Indochina (Vietnã), Madagascar



a Alemanha, África e ilhas oceânicas...



a Rússia dos czares investia contra as fronteiras da China



e o Brasil abolia a escravidão dos negros.



Bell inventava o telefone, horas antes de Elisha Gray



Otto, o primeiro motor a explosão



Edison, o microfone e o fonógrafo



e a lâmpada incandescente -



que já se via, iluminando Nova York.



Kock combate a tuberculose



Pasteur desenvolve a vacina anti-rábica



Maxim inventa a metralhadora... em Berna



institui-se o Bureau Internacional da Paz.



Vincent deformava a realidade objetiva:



era 1890, em Auvers...



ele pinta seus últimos quadros -



os trigais são ondas exaltadas



os ciprestes tensos e angustiados



a natureza se expressa



pela quantidade de tinta; é densa...



sua pintura tem volume,



a cor é a substância do objeto:



quanto mais cor, mais luz !



Emoção na forma,



intermediário da manifestação.



Overdose afetiva - palpabilidade:



muitos carecimentos...



Em Paris, já se discutia O Capital, de Karl Marx



e Assim falou Zaratustra, de Nietzsche;



o público aplaudia o russo Rimski-korsakov,



o austríaco Brahms e o francês Bizet;



liam Kipling, mais do que na Inglaterra...



D'Annunzio, mais do que na Itália...



Dostoievsky, mais do que na Rússia.



A riqueza da Europa pode ser vista em Paris



em Exposições de Arte e na Torre Eiffel.



Vincente sai para o campo de trigo dourado



com um revólver na mão;



o céu está azul. É domingo.



Corvos negros alçam vôo



como ele pintara dias antes.



Morre dois dias depois, em 29 de julho



segurando a mão do irmão Theo



logo depois de dizer:



"A miséria não tem fim".



Os jornais deram a notícia na seção policial:



não registraram a morte de Van Gogh



um dos precursores da arte moderna



o pintor dos quadros mais caros do mundo



só vistos em museus famosos



e nas paredes de gente muito rica.



Seus quadros atualmente valem fortunas.



No dia da sua morte, no sótão da Galeria Goupil,



700 quadros de Van Gogh amontoavam-se



sem comprador. Vincent libertou a cor...



Seus últimos anos de vida foram mantidos pelo irmão,



as tintas, as telas...e o médico, Dr.Gachet.



A sociedade às vezes sabe encontrar a maneira



adequada de matar um artista revolucionário,



por algum tempo...






(do Lieberdade by joyce pires)

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