sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ROMÂNTICA (31 out.1998)



Murcham as rosas nos jardins ressecados
Amanhece e os pássaros se esquecem de cantar
Barreiras foram erguidas
Desviando o curso dos rios.
E onde foi mesmo
Que deixei meu coração partido ?
Ah, ficou ali, na esquina.
Despreza, pisa, que sou teu tapete...
Minha língua vermelha fala um idioma antigo
Quase perdido, na fonologia do tempo.
Repito e me repriso, como um filme mal editado
Ou ainda montado na moviola... e remontado
Potro selvagem ? - wild wind... mind, sing (*) !
Canto um poema triste e já não me deslizam lágrimas
Na face desconhecida.
Nem mesmo espaço existe para conter palavras
Que o verso insiste apesar de si resiste em ti to mi.
Guarda pra quem pra que teu precioso amor ?
Carícias murchando assim naquela flor ?
Não. Não conte. Desconte.


(*) Sing , em inglês, é cantar. Em chinês, SING é o sinal
para SER, de sin (coração) + schong (nascer); significa
a consciência ou logus. O SING, quando se manifesta, liga-se
intimamente à MING (vida), que é a força vital disponível; o nosso
Eros. A consciência emocional (SIN) é despertada pela reação emotiva dos cinco sentidos. O que permanece quando nenhum sentimento se manifesta é o SING, que fica num estado transcendente ou supraconsciente, esperando por MING. O SING é o que torna o ser humano um ser espiritual
ou coletivo.
- As flores do nosso jardim vão voltar a sorrir quando você cair... na real.

(Tântricos e outros cânticos – Joyce Pires –
letra da música 87, em 03 novembro 1998

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