quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Para um plano de libertação (27 abril 2009)

Cada sistema de produção constrói o sistema de punição que corresponde às suas relações produtivas. Essa construção se torna visível quando compreendemos que o modo de produção da vida social exprime a integração das forças produtivas materiais em determinadas relações de produção históricas, nas quais se manifesta a luta de classes da formação social capitalista. As “classes perigosas” são geradas pelas estruturas. E encarceradas. Isto é a criminalização da pobreza. Vigiar e Punir. Panoptismo.
O processo de adestramento da força de trabalho para reproduzir o capital (mais valia) não é apenas um investimento do corpo por relações de poder. A disciplina como política de coerção para produzir sujeitos dóceis e úteis _ como dizia Michel Foucault _ tem suas determinações materiais na relação capital / trabalho assalariado e é um processo essencial de um tipo de economia, é um fenômeno de economia política.
A relação cárcere / fábrica evoluiu para a simbiose fábrica / cárcere, gerando uma unidade arquitetônica punitiva/produtiva, onde a fábrica é construída como cárcere e o cárcere é erigido como uma fábrica _ os “presos” devem ser trabalhadores... e os trabalhadores devem ser detidos. Será esta uma espécie de audácia, a “audácia da esperança” ? ... de fazer da pobreza um crime.

O mesmo com as doenças mentais. Foucault disse certa vez que a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal.
Trata_ se de fazer, não uma “psicopatologia”, mas uma psicologia do Patos, isto é, do sofrimento despertado pelo Drama.
A nós, a missão de escutar os nossos delírios.
A angústia (ananke) transforma a ambigüidade de uma situação em ambivalência das reações. Se ela preenche a história de um indivíduo, ela é o seu princípio. Ela é um a priori da existência : a Necessidade.
O mundo atual torna possível as doenças mentais, a esquizofrenia, as psicoses... porque a cultura fez uma leitura do mundo alienante. Porque a cultura distanciou o ser humano e ele não se reconhece mais na realidade.
A consciência é um estado de associação com o Eu. “Eu” é um complexo central e mutável, onde a consciência se individualiza.
Um fator psíquico assume qualidade de consciência quando entra em relação com o eu. Se não há esta relação, o fator permanece inconsciente. O esquecimento é a falta de relação de conteúdos com o eu. Por isso, quantidades de informações não significam conhecimento. Não adianta ficar na Internet, “pesquisando”, sem fazer uma reflexão; sem articulação e vivência não ocorre o discernimento, e o reconhecimento. Não há qualidade...
A consciência é um jato de luz emitido por um refletor. Só os objetos iluminados entram no campo da percepção.
Transcender a imagem significa ver além, ver a realidade e não apenas os seus reflexos imanentes. Ver a realidade é reconhecer que a liberdade consiste justamente no conhecimento das nossas próprias necessidades.
São os carecimentos radicais que vão nos motivar a realizar a transformação das relações sociais.

Tempo e Espaço são dimensões significativas do ser. Temos que compreender isso.
Novas relações sociais exigem uma nova concepção do mundo. O Cyberspace _ o espaço eletrônico onde ocorrem as transações na Internet _ precisa se constituir numa oportunidade para o desenvolvimento da consciência coletiva e ser utilizado com senso de responsabilidade e crítica.Precisa ser um espaço ético; já que é a projeção de nossa própria imaginação e capacidade criativa. Não podemos permitir que se estabeleça como um novo cárcere; uma forma de clausura metafísica e fonética... Portanto, cautela: medite.

O socialismo é a passagem ao mundo da liberdade, do amor e da paz. Equanimidade e autoconsciência. Preservação de um povo e sua cultura... e identidade humana universal.

O sexto elemento, MahaTattwa, começa a se manifestar no Planeta Terra. Precisamos estar abertos para receber esse tattwa azul luminescente, que nos ativa a terceira visão e amplia a nossa consciência intuitiva.

_ Voilà.

(Diário do Bardo - Joyce Pires - 27 abril 2009)

Nenhum comentário: