quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O QUE É IDEOLOGIA (03 abril 2009)

Na história das ideologias, tivemos um primeiro estágio durante o século XVIII em que ideologia
significava “ciência das idéias”, que era um conceito sensorialista, do materialismo francês : o
método dessa ciência era uma análise das idéias, ou seja, uma pesquisa da origem das idéias, que decompostas em seus “elementos originais” acabam sendo apenas “sensações”... ou quem sabe uma “potência do Espírito”.
Depois, já no século XIX, ideologia passou a significar um “sistema de idéias”, também um conceito do materialismo; esse “sistema” seria produto de uma personalidade, de um “ideólogo”, que pode ser um filósofo ou até mesmo um médico, um psicólogo ou um sociólogo.
Hoje, podemos compreender melhor o que é uma ideologia, sem nos apegarmos a esses valores já ultrapassados.
A ideologia é uma dimensão da superestrutura de uma formação social (sociedade), historicamente orgânica, ou seja, necessária a uma determinada estrutura socioeconômica e que permite a reprodução das relações sociais e de produção vigentes. Esta é a validade psicológica de uma ideologia orgânica (isto é, não arbitrária ou racionalista, saída do cérebro de um indivíduo qualquer), daquela que organiza as populações humanas, preparando o espaço para que a consciência se manifeste e as classes possam saber como atingir seus objetivos. Tal ideologia é realmente uma concepção teórica, que se realiza enquanto se alimenta, numa simbiose semelhante aquela entre a flor e o colibri.
Uma tal ideologia tem a “solidez das crenças populares” ou a mesma energia de uma força material - disse-nos Marx. Imaginação ativa.

Nessa “história das ideologias” podemos agora acrescentar o momento de superação ideológica, quando as forças materiais - forças que se constituem de energia e consciência - se organizam globalmente, no sentido, afinal, da realização do socialismo como modo de produção hegemônico. A ideologia materialista transforma-se dialeticamente em consciência realista, aquela que vê além da ideologia e tem a força da realização.

O materialismo histórico e dialético não podia deixar de ser uma fase crítica e polêmica da filosofia. “Materialismo” era qualquer doutrina que excluísse a transcendência, o que colocava do mesmo lado o panteísmo, o imanentismo, o “realismo político” romântico, tudo o que se opusesse ao espiritualismo e ao idealismo. O que o “senso comum” entende por materialismo é o que se encontra nesta terra e não no paraíso. Para o europeu do século XIX a América era “materialista”, porque utilizava muitas máquinas e as empresas e os negócios excediam um certo limite considerado “justo”...

_ Depois da reunião de ontem do G 20 ... isto se esclarece.


(Diário do Bardo - Joyce Pires)

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