PARA LEMBRARMOS SEMPRE ! (12
março 2006)
“O monopólio do capital torna-se um grilhão
do modo de produção,
que nasceu e floresceu junto
com ele e sob ele. A centralização dos meios
de produção e a socialização
do trabalho alcançam por fim um ponto em que
se tornam incompatíveis com o
seu revestimento capitalista. Esse revestimento explode e soa o dobre dos
finados da propriedade capitalista privada. Os expropriadores são expropriados.
O modo capitalista de expropriação,
resultado do modo capitalista de produção, produz a propriedade privada
capitalista. Esta é a primeira negação da propriedade privada individual,
fundada no trabalho do seu proprietário. Mas a produção capitalista gera sua
própria negação, com a inexorabilidade de uma lei da natureza: é a negação da
negação. Ela não restabelece a propriedade privada do produtor, mas lhe dá uma
propriedade individual baseada na aquisição da era capitalista, isto é, na
cooperação e na posse comum da terra e dos meios de produção.”
(O Capital, Livro 1,
cap.32 – Karl Marx)
Quando Marx ressalta que o processo de
transformação da propriedade privada dos meios de produção em propriedade
social é inexorável, ele está dizendo que a socialização dos meios de produção
é uma dupla negação.
É preciso compreender, aqui,
a existência da dialética nas relações sociais de produção, que são o conteúdo
concreto da categoria (abstrata) de “modo de produção”. Essas relações, então
socializadas, são relações de cooperação, com direitos e deveres iguais,
relações de produção democráticas, portanto.
O capitalista é uma categoria da produção.
Não é apenas um proprietário.
Capital é algo que existe na
produção, no processo de produção. Não é “fortuna” ou muito dinheiro.
A dialética está aqui, assim: o caráter
social da produção capitalista é a antítese da acumulação privada capitalista.
É a primeira negação.
A síntese ocorre com um salto
de qualidade, que é um momento historicamente rápido, ou seja, ocorre num curto
período de tempo.
O que é longo é o processo de
transformação da propriedade privada na propriedade privada capitalista. Este é
o atual processo chamado de globalização -
que eu já chamei de internacionalização dos meios de produção.
A fase seguinte, segunda negação, é “a
transformação da propriedade privada capitalista, que já se baseia praticamente
na produção social em propriedade socializada”.
Marx disse que esta tomará menos tempo. Mudança inevitável, um salto
quântico.
Marx não disse que era iminente... Quem
pensou isto não compreendeu os termos do Manifesto Comunista implícito no texto
de O Capital: seu caráter conclamatório, seu chamado à organização da classe
operária.
À medida que o capitalismo se amplia e se
globaliza, sobrevivendo através de seus ciclos, declina sua lucratividade. Suas
crises também são globais... A transição é uma reestruturação (Perestroika) e
ela é transparente (glasnost).
(Lua Nua, XI Ensaio, do
contexto – Joyce Pires)
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